O Vitória de Guimarães, da I Liga de futebol, vai apresentar aos sócios um resultado líquido negativo de oito milhões de euros relativo à época 2011/12 e um passivo de total de 24 milhões.
O clube minhoto reúne-se em assembleia geral no dia 17 de novembro para aprovar o relatório e contas da última temporada e os seus associados vão ser confrontados com o terceiro exercício negativo consecutivo.
Em 2010/11 e em 2009/10 o Vitória de Guimarães apresentou resultados negativos de 1,9 milhões e um milhão de euros, respetivamente.
O Vitória de Guimarães apresenta um passivo total de 24 milhões de euros, tendo crescido 8,8 milhões, um aumento de cerca de 68 por cento face ao ano anterior.
O Conselho Fiscal (CF) do clube deu parecer favorável ao relatório e contas, mas traça um cenário negro da situação financeira do clube e alerta para uma eventual insustentabilidade do Vitória.
O clube liderado por Júlio Mendes apresenta capitais próprios no valor de 16,2 milhões de euros (25,9 milhões em 2010/11), mas segundo o parecer do CF, se «não fossem os excedentes de revalorização de 32,4 milhões de euros oriundos de processos de reavaliações de ativo, o clube estaria hoje com capitais próprios fortemente negativos e, portanto, em falência técnica acentuada».
Segundo o mesmo documento, sendo os passivos do clube «fortemente líquidos» e os ativos «assentes em bens de pouca materialidade financeira, a solvabilidade do Vitória apresenta uma forte degradação que, a manterem-se as condições atuais, torna a gestão do clube insustentável mesmo no quadro de aprovação do Plano Extrajudicial de Conciliação [PEC]».
Em março de 2012, o Vitória apresentou um PEC junto do Instituto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e Inovação (IAPMEI), o qual foi aprovado em julho.
O objetivo era conseguir reestruturar o passivo do clube, através de acordos de pagamento, com o máximo possível de prestações, com os principais credores, nomeadamente com o Estado, Finanças e Segurança Social, com a Banca e com os principais credores privados.
O plano foi aprovado por 66 por cento das entidades credoras apresentadas pelo Vitória, a que corresponde um valor total de 11,6 milhões de euros.
«Não obstante o sucesso desta operação, o enorme défice de tesouraria deste exercício criou um segundo grupo de credores (jogadores, empresários e clubes) e gerou um segundo buraco financeiro, também de curto prazo e não coberto pelo PEC, que deveras preocupa este Conselho Fiscal», pode ler-se.
Consequência disso, «em vez de uma forte redução do passivo exigível de curto prazo que o PEC proporcionaria, este manteve-se praticamente inalterado face ao ano anterior, em cerca de 11,9 milhões de euros».
«A situação de emergência financeira não foi, portanto, solucionada com o PEC e o desejado saneamento do passivo não concretizado», aponta.
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