Jaime Antunes esteve na BTV onde analisou a atualidade do futebol do Benfica. O vice-presidente dos Encarnados reconheceu no programa 'Pontos nos Is', que época do Benfica fica aquém do esperado mas aproveitou para tecer duras críticas às arbitragens desta época da equipa principal de futebol.
Critérios disciplinares: "As questões disciplinares estão aí um bocado na ordem do dia. Está a ser um pouco a lei da selva. Há um jogador que tem seis cartões amarelos mas nunca esteve suspenso. O treinador foi suspenso mas afinal não foi. Há outro treinador que foi suspenso mas afinal também não foi. É o momento de reflexão sobre o que se passou nesta época. O Benfica tem de fazer por si próprio, pelos erros que cometeu. Mas também tem de olhar para a Federação e para a Liga e para aquilo que andam a fazer. Esta área da Disciplina é má demais para ser aceitável numa atividade tão importante em termos económicos e sociais como é o futebol. Não é aceitável que um jogador tenha seis cartões e continue a jogar. Outros têm treinadores expulsos de bancos sistematicamente e depois a suspensão não vale. Podem adiar os castigos para quando mais lhes convém e interessa. É o castigo 'à là carte'. Cada um gere o castigo para a altura que convém. É ver quem é o mais habilidoso a gerir este tipo de recursos. O futebol profissional está um pouco neste estado".
Desejos para a nova época a nível de disciplina: "Este campeonato foi um pouco atípico com esta questão da pandemia, foi um bocado difícil que não explica estes problemas na área disciplinar. No ano que vem com que cara é que nós, Benfica, podemos entrar numa nova época quando sabemos que as questões da arbitragem não têm o bom senso nas questões do bom senso que se requerem a uma atividade destas e as questões disciplinares são um bocado o regabofe. Chamam ladrão ao árbitro e não acontece nada. Continuam a treinar e a dirigir um jogo. Não sei o que é preciso mais para haver consequências."
Taça de Portugal: "Há um titulo em disputa e a segunda competição mais importante do calendário português. O Benfica tem de estar e tem de encarar para ganhar a Taça. Todos nós, benfiquistas em geral, temos a consciência que esta foi uma época francamente má face às expectativas no início da época. Isso parece um objetivo e claro. Não vale a pena estarmos a dourar a pílula de que se ganharmos a Taça de Portugal… A época não correu bem ao Benfica e ponto final. Há que assumir isso. Há que olhar para esses resultados não conseguidos e olhar para dentro. Perceber quais os erros que cometemos e olhar para fora, para o ambiente que nos rodeia também.
Apoio dos adeptos: "Mesmo nos momentos difíceis, os adeptos têm apoiado a equipa. É fantástico que possamos contar com esse apoio dos adeptos. Até ao final da época, que possamos construir qualquer coisa de positivo. O 2º lugar é difícil de chegar mas enquanto for matematicamente possível a equipa tem de ter isso como objetivo. O Benfica tem de ter o brio de ganhar os próximos jogos de minorar esta época que tem sido francamente deficiente".
Críticas à arbitragem no clássico: "A arbitragem do jogo foi bastante infeliz. Aqui no Benfica não usamos palavras como outros, palavras como 'roubar ou 'campos inclinados', essa não é a nossa linguagem, nem é a nossa postura no mercado do futebol. Olhamos para o que aconteceu e tiramos ilações. Houve claramente erros de arbitragem importantes que influenciaram o desenvolver do jogo. Todos viram o lance do Pepe, que deveria ver o segundo cartão amarelo e ir para a rua, toda a gente viu, foi evidente, o árbitro estava bem colocado, numa posição onde tinha de analisar. Aqui a responsabilidade é exclusiva do árbitro, não do VAR ou de alguém. Não só tem o erro na ação, mas também logo a seguir, interrompendo uma jogada que podia ser de golo. Foi legítima a reação do Benfica. Foram dois lances, nem vou falar de outros como o penálti sobre o Diogo Gonçalves, mas são dois exemplos claros de uma arbitragem que cometeu erros que penalizaram o Benfica de forma grave no jogo."
Artur Soares Dias: "Este jogo merece outra reflexão: porque é que nos jogos entre Benfica e FC Porto, sem pôr em causa a honestidade do árbitro, ele [Artur Soares Dias] é nomeado sucessivamente? Quando sabemos que o árbitro em causa vive no Porto, tem um ambiente social onde se move e o Conselho de Arbitragem não pode ignorar essa envolvente que pode condicionar psicologicamente o seu desempenho nos jogos entre Benfica e FC Porto, dada a rivalidade e o que está em jogo. A arbitragem foi infeliz com consequências no jogo e em prejuízo do Benfica. Houve sobretudo no critério disciplinar. Se olharmos para o amarelo mostrado a Weigl, se o mesmo critério fosse aplicado aos jogadores do FC porto, Sérgio Oliveira teria ido para a rua. Houve alguma incoerência na forma como o árbitro geriu o jogo."
Preparação de Soares Dias: "Um árbitro com a categoria e experiência de Soares Dias tem de estar sempre preparado para um jogo desta natureza. Com o enquadramento social que tem, onde vive, é natural que esteja condicionado psicologicamente num jogo desta importância. A responsabilidade principal nem é do árbitro, mas sim de quem o nomeia. Parece que só há um árbitro para o Benfica-FC Porto… Há mais árbitros com categoria e experiência para esse trabalho. O CD dá uma nota de grande insensibilidade nestas questões, que são recorrentes. Não é por acaso que Soares Dias, que todos reconhecem ser categorizado, nos jogos entre Benfica a FC Porto, em geral, tem sempre uma grande infelicidade, normalmente em prejuízo do Benfica."
Nomeações: "O principal problema é quem o nomeia e é essa responsabilidade que o Benfica chama à atenção das entidades que gerem o futebol em Portugal, que estão a ir por um caminho pouco saudável. Nomeadamente nos critérios de bom senso e disciplinares. Isto está uma lei da selva, há um jogador com seis cartões amarelos que nunca foi suspenso, um treinador que foi suspenso e afinal não foi, o outro treinador que foi suspenso e afinal também não foi… é a lei da selva. É o momento de reflexão sobre o que se passou esta época. O Benfica tem de a fazer, mas olhando também para as entidades que gerem o futebol, como a Liga ou a FPF, para ver o que andam realmente a fazer. Esta área da disciplina é má demais para ser aceitável numa atividade tão relevante como o futebol. Não é aceitável um jogador ter uma série de cartões amarelos e que devia ter um jogo de suspensão continuar a jogar impunemente, outros que têm treinadores sucessivamente expulsos e suspensos, mas a suspensão não vale e podem adiar castigos para quando lhes convém, para quando lhes interessa. É um castigo 'à la carte', onde cada um é mais habilidoso a gerir este tipo de recursos. O futebol português está neste estado lamentável e a opinião pública não entende esta arbitrariedade completa."
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