Luís Filipe Vieira reagiu esta quinta-feira à notícia da TVI, que apontou que o presidente do Benfica vai ser acusado de recebimento indevido de vantagem.
Face ao teor da notícia, a equipa de advogados do presidente do Benfica fez saber que não foi notificada, referindo que "é apenas isso mesmo: uma acusação, ou seja, uma alegação de factos envolta numa tese jurídica que há-de ter a resposta da defesa e que depois há-de vir a ser apreciada em tribunal".
A defesa do presidente do Benfica fala numa "acusação profundamente injusta, pois assenta em factos que não são verdadeiros e em intenções que o sr. Luís Filipe Vieira nunca teve. E se os factos não são verdadeiros, as intenções são fruto de imaginação."
O comunicado garante, por isso, que Vieira "não subornou nem corrompeu ninguém".
“Luís Filipe Vieira, porém, não subornou nem corrompeu ninguém, e muito menos determinou que se atribuíssem vantagens indevidas a quem quer que fosse. Em especial, Luís Filipe Vieira não deu nem pagou nada, nem um cêntimo, ao desembargador Rui Rangel (que aliás nunca teve, nem podia ter, nada a ver com o processo fiscal em causa, pois não é juiz desembargador de tribunais fiscais). Nem nunca Luís Filipe Vieira sequer lhe prometeu fosse o que fosse”, realça o comunicado.
Para o presidente do Benfica, “só numa mente profundamente criativa se pode conjeturar” que o facto de o juiz Rui Rangel “ter recebido convites para assistir a alguns jogos de futebol em que jogava o SLB [Sport Lisboa e Benfica] tem algo a ver com o assunto da dívida do Estado a Luís Filipe Vieira e com a ilegal demora da sentença fiscal, a ordenar a devolução do dinheiro que lhe estava a ser indevidamente retido”.
“Convidar prestigiados benfiquistas para jogos do SLB é o que o clube sempre fez (recorde-se que o Dr. Rui Rangel concorreu à presidência do SLB e teve o apoio de cerca de 14% dos sócios)”, acrescenta.
"O Sr. Luís Filipe Vieira limitou-se a exercer os seus direitos, como qualquer cidadão o faria: antes de mais, o processo nunca tratou de o Sr. Luís Filipe Vieira ter que entregar alguma quantia ao Estado, contrariamente ao que foi falsamente noticiado. Tratou exatamente do contrário. O Sr. Luís Filipe Vieira, tendo sido interpelado para pagar um imposto que não era devido, no exorbitante valor de 1 milhão 611 mil euros, o que fez foi pagá-lo primeiro. De seguida impugnou a decisão que o mandava pagar tal imposto e exerceu o seu direito de exigir a devolução do pagamento, por o imposto ser indevido", pode ler-se.
O processo da Operação Lex, que tem como principais arguidos o juiz Rui Rangel, da Relação de Lisboa, e a sua ex-mulher e também desembargadora, Fátima Galante (aposentada compulsivamente), foi conhecido em 30 de janeiro de 2018, quando foram detidas cinco pessoas e realizadas mais de 30 buscas e teve origem numa certidão extraída do caso Operação Rota do Atlântico, que envolveu o empresário de futebol José Veiga, suspeito de crimes de corrupção no comércio internacional, branqueamento de capitais, fraude fiscal e tráfico de influências.
O desembargador Rui Rangel, demitido da magistratura, é suspeito receber avultadas quantias através de favorecimentos e de várias ligações a empresários e figuras do desporto, como o Benfica e o seu presidente, Luís Filipe Vieira, que resultaram na indiciação por corrupção/recebimento indevido de vantagens, de branqueamento de capitais e fraude fiscal.
Entre os vários arguidos constituídos contam-se, além de Rui Rangel e de Fátima Galante, Luís Filipe Vieira, o funcionário judicial da Relação Octávio Correia, o advogado Santos Martins e o antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol João Rodrigues.
A Operação Lex foi desencadeada há mais de dois anos, mas não foi ainda conhecida a acusação.
*Artigo atualizado às 7h08 de 3 de julho de 2020
Comentários