O presidente Vítor Murta, que foi reconduzido para um segundo mandato consecutivo na liderança do Boavista, compreende a ausência de concorrentes nas eleições, dado o panorama financeiro do clube da I Liga de futebol.

“Ao contrário daquilo que possam pensar, gostaria que houvesse muitos candidatos e um deles dissesse que tinha uma solução para o Boavista, chegasse aqui e resolvesse os problemas. Quem está no exterior pode ter receio de pegar neste barco com medo de o levar ao fundo. Depois, há outra fação a entender que temos conseguido manter este barco à tona”, observou o líder dos ‘axadrezados’, em declarações aos jornalistas.

As eleições do Boavista decorreram entre as 10:00 e as 20:00, no Estádio do Bessa, no Porto, tendo a lista do atual líder da SAD mantido Manuel Tavares Rijo e Joaquim Carvalho à frente da mesa da assembleia-geral e do conselho fiscal, respetivamente.

“Temos uma quantidade de dívidas anteriores que são difíceis para conseguirmos pagar. Acho que será por isso que não terão aparecido outros candidatos. Sabem que é muito fácil estarmos de fora, podermos criticar e dizer que deveríamos ter contratado o jogador A, B ou C. Muito difícil é dizerem-nos, por exemplo, como é que vamos pagar a conta da água, que são 14 mil euros por mês. Mais difícil ainda é encontrar soluções”, ilustrou.

Vítor Murta foi eleito sem oposição em dezembro de 2018 no sufrágio para o triénio 2019-2021, ao reunir 75,7% das preferências, que corresponderam a 334 votos de associados, além de 54 brancos e 53 nulos, para suceder ao histórico ex-presidente João Loureiro.

“Não sei se foi um ato de coragem ou de loucura quando me candidatei, pois não havia o investidor Gérard Lopez nem luz ao fundo do túnel, mas brutal quantidade de dívidas. O amor ao Boavista falou mais alto. Depois, senti que, se eu não tivesse pegado naquele momento, até por já conhecer alguns dossiês, dificilmente alguém poderia pegar”, notou.

A SAD do Boavista tem recorrido desde 2018 a um Processo Especial de Revitalização (PER), que veio substituir o Sistema de Recuperação de Empresas por Via Extrajudicial (SIREVE), ao qual aderiu há quase oito anos para regularizar dívidas a vários credores.

“Quando cheguei, tínhamos uma dívida de 55 milhões de euros (ME) e um pedido de insolvência. Conseguimos um acordo com a Somague e a dívida passou para 19 ME durante o meu mandato, dos quais já pagámos quase um ME. Fiz parte da direção anterior, não concordei com todas as decisões, mas achei que a minha continuidade no projeto era importante para que o Boavista continuasse a resolver problemas”, reiterou.

Elencando uma “série de trabalhos e demandas”, Vítor Murta enalteceu a construção de um relvado contíguo ao estádio, da Casa do Sócio e de um laboratório de apoio ao alto rendimento, entre outras estruturas de apoio ao futebol profissional e de formação.

“Quando os adeptos e os sócios olham para o Boavista, normalmente têm tendência a olhar se a bola entrou ou não e qual é o resultado do fim de semana. É importante perceber que o Boavista é muito mais do que isso. Temos vindo a criar bases para ter mais anos de sucesso, que não se esgotem num curto espaço de tempo”, delineou.

Em marcha está a criação de um campo sintético para as camadas jovens, mas o ‘sonho’ antigo de Vítor Murta é edificar um pavilhão para as modalidades, tendo reconhecido que “gostaria de, pelo menos, terminar o ciclo no clube com a primeira pedra lançada”.

“É importante que os adeptos e sócios se reúnam no estádio como antigamente, quando tinham sempre alguma coisa que os chamasse às imediações do Bessa. Esse tem sido um dos nossos problemas. Precisamos de trazer jovens para começarem a ganhar amor ao Boavista. Isso também faz desde pequenino e é mais fácil se eles estiverem nas nossas instalações a respirarem este ar da pantera, que é muito especial”, sugeriu.

O pavilhão está projetado para ser erguido junto ao relvado contíguo ao estádio, mas, adverte o presidente, sem acarretar “passos maiores do que as pernas”, sob pena de o clube portuense ter de “pagar essa fatura”, à imagem do lastro de anos anteriores.

O Boavista, 10.º colocado, com 17 pontos, recebe o Gil Vicente, quinto, com 26, este sábado, às 15:30, no Estádio do Bessa, no Porto, na abertura da 18.ª ronda da I Liga, a primeira da segunda volta, com arbitragem de Fábio Melo, da associação do Porto.

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