O presidente do Belenenses disse hoje que a direção do clube nunca recusou esclarecer os sócios sobre os contornos do negócio com a Codecity e deixou críticas ao presidente da Mesa da Assembleia Geral (AG).

Em declarações à agência Lusa, António Soares afirmou que a decisão de Carlos Pereira Martins em desconvocar a AG marcada para hoje foi uma «decisão unilateral», que foi tomada sem que tivesse «consultado ninguém, nem mesmo o vice-presidente da Mesa da AG».

Dessa forma, o presidente do Belenenses disse que «não há razão para que não seja prestada informação aos sócios» e, como tal, «direção, vice-presidente da Mesa da AG e Conselho Fiscal estarão presentes», às 20h00, no Pavilhão Acácio Rosa, no Restelo, «para explicar aos sócios todos os contornos das negociações que foram concluídas».

Carlos Pereira Martins tinha convocado uma AG extraordinária do clube para hoje, que tinha como ponto único a apresentação dos contornos do negócio que levou à alienação da maioria do capital social da SAD, mas, na quinta-feira, acabou por desconvocar a reunião magna, alegando que a documentação necessária sobre o negócio não lhe foi facultada, para posterior disponibilização aos associados.

«Não nos recusámos em nenhum momento em prestar esclarecimentos aos sócios. O que nos recusamos é aceitar que o que se passou no dia 04 de novembro não foi uma AG deliberativa, onde os sócios decidiram, por maioria de dois terços, aceitar uma proposta da Codecity para a compra de uma percentagem do capital social da SAD do Belenenses», referiu António Soares.

O presidente dos "azuis", que se referia à AG em que foi votada favoravelmente a proposta apresentada pela Codecity Sports Management, liderada pelo ex-administrador da PT Rui Pedro Soares, lamenta o comportamento de Carlos Pereira Martins e considera que o presidente da Mesa da AG está a ser «pressionado».

«O presidente da Mesa da AG do Belenenses é uma pessoa muito influenciável e muito vulnerável a pressões, e há-de estar a ser pressionado por alguém, com intuitos mais ou menos evidentes. Neste momento, o presidente da Mesa da AG está num emaranhado de contradições que o próprio criou e está prisioneiro dessas contradições», adiantou.

De resto, António Soares foi mais longe nas críticas e acusou Carlos Pereira Martins de ter elaborado uma ata da AG de 04 de novembro, «que não corresponde ao que se passou».

«O presidente da Mesa da AG não tem o direito de estar a colocar em causa aquilo que foi a AG do dia 04 de novembro, nem de fazer atas que não correspondem ao que se passou e que está retratado num cd, porque as AG do Belenenses são gravadas. O que escreveu na ata não corresponde ao que se passou e essa é a opinião de todos os órgãos sociais que estiveram presentes na AG, inclusivamente do Conselho Fiscal», realçou.

Assim sendo, tanto a direção como o Conselho Fiscal defendem os contratos que foram assinados com a Codecity Sports Management, mediante o «mandato que foi conferido [pelos sócios] na AG de 04 de novembro».

«A única pessoa que não entende isso é o presidente da Mesa da AG. Naquela altura não era possível revelar todos os detalhes dos contratos. Mas também foi dito aos sócios que estávamos a pedir um voto de confiança para concluir os contratos, voto esse que foi dado por maioria de dois terços», reforçou.

A Lusa tentou obter uma reação do presidente da Mesa da AG, Carlos Pereira Martins, mas as tentativas revelaram-se infrutíferas.