Carlos Fangueiro diz que quer manter-se como técnico do Leixões, clube do qual é o sócio 486, na próxima temporada, mas “há umas pequenas coisas a alinhavar” com a administração.
“Ainda não posso dizer se vou continuar. A minha vontade é ficar e estou convencido de que na época que vem estarei aqui”, referiu na entrevista que esta semana concedeu à agência Lusa, acreditando que os dirigentes leixonenses também pretendem a sua continuidade.
O técnico, de 47 anos, assumiu o comando técnico do histórico clube de Matosinhos em 24 de janeiro deste ano e deparou com uma equipa pressionada, contestada e aflita, que estava no 16.º posto da classificação geral da II Liga portuguesa volvidas 18 jornadas e tinha 17 pontos.
Fangueiro substituiu Pedro Ribeiro com a missão de evitar que o Leixões descesse de divisão e para tal contou com um plantel de 35 jogadores, “o que é uma dificuldade tremenda”, e precárias condições de trabalho.
“É desgastante. Temos de encontrar uma forma de termos melhores condições de trabalho. Em quatro meses, passei mais tempo fora da minha fortaleza, o meu estádio, do que aqui dentro”, assinalou, referindo-se ao facto de equipa ter tido de andar semanalmente com a ‘casa às costas’ para poder treinar.
Fangueiro especificou que a equipa teve de ir trabalhar para Freamunde (concelho de Paços de Ferreira), Esmoriz (Ovar), Ribeirão (Famalicão), Rio Tinto (Gondomar) e outras localidades.
“Cada treino tinha de ser fora e muitas vezes não podíamos trabalhar aspetos estratégicos porque a porta estava aberta e tínhamos sempre pessoas a ver. Mesmo no nosso estádio não conseguimos manter a porta totalmente fechada, pois há um sítio onde, de fora, se pode ver o que estamos a fazer”, lamentou.
Sob a sua orientação, recorda, foram detetados dois casos, “um deles num treino dedicado às bolas paradas, em que alguém do ‘staff’ de uma equipa adversária estava a tirar fotografias e a filmar fora do estádio”.
Apesar de todas essas contrariedades, o Leixões de Fangueiro somou 20 pontos nas 16 jornadas restantes, garantiu a sua manutenção na penúltima jornada e terminou o campeonato na 14.ª posição, com 37 pontos.
“São essas pequenas coisas que temos de alinhavar. Para conseguirmos alguma coisa melhor, tínhamos de montar o nosso quartel-general aqui. É muito importante”, sustentou.
O complexo municipal Óscar Marques, situado atrás da bancada norte do Estádio do Mar, podia ser uma hipótese, mas tem um campo de relva sintética e o Leixões procura um relvado.
Fangueiro avisa que para o Leixões pensar noutros voos é preciso garantir condições de trabalho junto ao Estádio do Mar e essas passam por um recinto com a privacidade necessária, a coberto de olhares alheios.
O técnico, um matosinhense que é também adepto do Leixões assumido, analisou o que falhou na era do Pedro Ribeiro, seu antecessor no comando técnico da equipa, e também na sua, apontando para a finalização. O Leixões marcou 28 golos no campeonato, o que dá menos de um golo por jogo.
Carlos Fangueiro frisa que “os jogadores estavam tristes devido à situação” e que os encarou dizendo-lhes “vocês são mesmo muito bons”. Agora, olhando para trás e para os resultados, considera que ele e os seus adjuntos realizaram “um trabalho fantástico de liderança e motivacional”.
Em casa, o Leixões apenas ganhou um jogo. “Não consigo compreender”, diz Fangueiro, admitindo, porém, que “notava-se uma pressãozinha” nos jogadores nesses embates caseiros, devido à extrema exigência dos adeptos.
Com o novo técnico, a equipa perdeu só um jogo fora e um em casa e conseguiu “um pontinho aqui e outro acolá, o que foi dando mais confiança à equipa, porque tudo conta”.
Mesmo sem haver ainda fumo branco sobre a sua provável continuidade no Leixões, o treinador adianta que jogadores pretende ter a seu lado.
“Quero jogadores à minha imagem, homens de equipa que dão a vida em campo e que não sejam eles a gerir o seu esforço, mas sim o ‘staff’ técnico. Homens de raça e de muito querer”, concluiu.
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