O problema chegou ao debate público pelo presidente do PSD de Aveiro, Ulisses Pereira, que ponderou a hipótese de implosão do equipamento, entre outras soluções.
O Estádio, propriedade da EMA – Empresa Municipal, é a casa do Beira-Mar que não tem conseguido dar o retorno financeiro necessário para a sua sustentabilidade. Resultado: uma dívida mensal que ronda os 50 mil euros. “Quem paga esta dívida são os munícipes de Aveiro, com os seus impostos”, disse Ulisses Pereira ao SAPO Desporto, sublinhando que “cerca de 10 mil euros são para o relvado”.
Obra de Tomás Taveira, o Estádio Municipal de Aveiro foi concebido apenas para o futebol. O que constituí “erro de concepção”, segundo Ulisses Pereira. A solução mais pragmática para o equipamento pode passar por atrair privados que tenham interesses em realizar grandes eventos no estádio ou investir no sector comercial, acredita o dirigente, defendendo, contudo, que esta solução não iria acabar com os prejuízos arcados pela Câmara.
A implosão do Estádio continua em cima da mesa, antes que a sua “implosão natural aconteça”, lamenta Ulisses Pereira. Os sinais de degradação são visíveis um pouco por todos os cantos do Estádio Municipal. “O próprio tipo de material usado no estádio não é adequado à nossa localização geográfica”, aponta o responsável. A ajuda do poder político central é outra das hipóteses levantadas pelo líder distrital do PSD.
Câmara Municipal não comenta
A Câmara Municipal de Aveiro não quer comentar o assunto. Segundo declarações oficiais dadas pelo assessor da Câmara ao Sapo Desporto, têm sido desenvolvidas soluções para o estádio, “embora ainda não se tenha chegado a nenhum entendimento concreto”, adiantou João Oliveira.
“O presidente da Câmara já contactou o arquitecto para conhecer as hipóteses de adaptações para o estádio”, afirmou o assessor de comunicação, acrescentando que Hélio Maia, presidente da Câmara eleito para um segundo mandato, “não quer comentar nenhuma intervenção feita sobre o assunto”. De acordo com Ulisses Pereira, estão previstas obras na zona envolvente do estádio.
Adeptos e cidadãos divergem quanto futuro do estádio
Os munícipes de Aveiro consideram infeliz a expressão “implosão”, proferida pelo presidente do PSD local. Os adeptos e sócios do Beira-Mar, que passeavam nas imediações do Estádio Municipal de Aveiro para assistir ao jogo entre a equipa local e o Portimonense, em jogo para a Taça da Liga, realizado na última quarta às 16 horas, mostravam-se particularmente interessados e ao mesmo tempo preocupados com o futuro do estádio, que é já considerado o “elefante branco” da cidade.
As opiniões divergem entre os munícipes. Por um lado, alguns acreditam que a demolição do Estádio possa vir a ser uma boa solução para acabar de vez com as despesas de manutenção da infra-estrutura. Por outro lado, nem todos vêem com bons olhos essa solução. Estes acreditam que existem outras opções de rentabilizar todo o espaço criado à volta do Estádio Municipal de Aveiro. Aglomerar piscinas, hotéis, centros comerciais, arenas ou até mesmo transformá-lo num pavilhão multiusos para receber espectáculos de música ou teatro seria uma forma de convidar e aproximar Aveiro à zona industrial da cidade, zona onde está implantado o Estádio.
A localização é apontada como um dos factores de “divórcio” entre os aveirenses e o Estádio. Os cidadãos recordam, saudosos, os jogos desenrolados no antigo Estádio Mário Duarte, situado no coração de Aveiro.
Além de “deslocado”, há quem acuse de "falta de aveirismo” entre os habitantes da "Veneza portuguesa". «A cidade não adere muito ao Beira-Mar. Se quer um clube pujante e com significado, que represente a cidade e o distrito, penso que a massa associativa deve ter um cuidado maior do que aquele que tem actualmente», desabafou um adepto apaixonado do Beira-Mar.
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