O Feirense informou hoje a SAD do clube que as equipas sénior, sub-19 e sub-18 estão impedidas de aceder ao estádio e ao complexo de treinos, enquanto essa entidade não liquidar a dívida de 700.000 euros acumulada desde 2018.

A informação consta de uma carta, a que a Lusa teve acesso, que a direção desse clube do distrito de Aveiro, atualmente a jogar na II Liga, enviou à SAD e à empresa investidora sua parceira, a Tavistock - Global Resources Limited, assim como à Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e à Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP).

Nesse documento, a direção do clube azul e branco afirma: “Dado o incumprimento expresso e reiterado das obrigações [da SAD e da Tavistock], o Clube Desportivo Feirense irá excecionar-se ao cumprimento da sua obrigação de cedência das suas instalações para a realização de quaisquer treinos ou jogos oficiais das equipas pertencentes à SAD”.

Este fecho de portas é o culminar de uma relação que vinha piorando desde 2018, depois de, em 2015, se ter assinado um contrato de compra e venda de ações em que o clube ficou a deter 30% da sociedade que gere a participação da marca em competições profissionais e em que a Tavistock ficou na posse dos restantes 70%.

A direção do clube diz que, nos últimos três anos, “tudo fez para conseguir solucionar os sucessivos incumprimentos da SAD quanto às obrigações contratualizadas” no referido negócio, mas garante que, até à data, sempre viu esses esforços “frustrados”.

Na carta hoje enviada, o Feirense justifica a sua decisão começando por indicar três falhas: “a Tavistock nunca efetuou em nome da SAD o depósito da garantia contratualizada nem cumpriu qualquer outra forma de garante”, há sete faturas “vencidas e não pagas pela SAD que ascendem ao valor global de 484.210,6 euros”, e também está “por liquidar a quantia relativa às obras já feitas, no valor de 145.000 euros”.

Além desses incumprimentos, há ainda os relativos a fundos da UEFA para desenvolvimento da formação da modalidade em Santa Maria da Feira.

“A SAD nunca entregou ao clube qualquer dos valores que recebeu anualmente [da UEFA], (…) provocando o empobrecimento do Clube Desportivo Feirense e o consequente enriquecimento sem causa justificativa da própria SAD”, diz o documento.

Questionado pela Lusa, o presidente da direção do Feirense, Rodrigo Nunes, confirma o envio da carta à SAD e às entidades que tutelam a modalidade, assim como a decisão de impedir o acesso da equipa profissional e das formações sub-19 e sub-18 ao Estádio Marcolino de Castro e ao Complexo Desportivo da casa (que tem o nome desse dirigente).

Recusando-se a tecer mais comentários sobre o assunto antes de obter resposta por parte da SAD e do investidor nigeriano que dirige a Tavistock, o responsável lamentou a necessidade de tomar uma decisão “assim difícil e drástica”, mas garantiu que a medida é justificada “pelo superior interesse do clube e dos seus sócios”.

A Lusa tentou igualmente ouvir a SAD, mas essa não esteve disponível nos contactos indicados como sendo dessa entidade.