O presidente da SAD do Santa Clara considera que se está a fazer uma leitura "enviesada" e "errada" do despacho do Tribunal de Ponta Delgada que suspende a legitimidade da atual direção para registo de contratos.

"A leitura que se está a fazer deste despacho é uma leitura enviesada e de certa maneira errada, o que o despacho diz é que este conselho de administração pode exercer o seu direito contraditório", sublinhou, à agência Lusa, Rui Cordeiro, que também é presidente do clube.

O Tribunal de Ponta Delgada decidiu, num despacho a que a agência Lusa teve acesso, que, enquanto não ficar decidido em primeira instância o desfecho da providência cautelar interposta por Mário Batista para anular a assembleia geral que o destituiu da presidência da SAD e elegeu Rui Cordeiro, "não é lícito ao Conselho de Administração da Santa Clara Açores- Futebol SAD, executar a deliberação impugnada".

No mesmo documento lê-se que "ficam todas as entidades interpeladas para que, com efeitos à data da citação, não reconheçam, sob qualquer forma, legitimidade para o registo de qualquer contrato assinado pelo atual Conselho de Administração daquela SAD, ou qualquer outro ato com aquela proveniência".

O presidente da SAD dos ‘encarnados’ de Ponta Delgada considera que "a vida do clube não pode parar" e que o atual conselho de administração tem "legitimidade" para continuar a praticar atos como "pagamentos ao fisco, segurança social e fornecedores", bem como estabelecer "contratos com jogadores" que precisam de ser efetuados antes do arranque oficial da época.

"Se nós não o fizermos estamos a paralisar completamente a vida do clube e da SAD, ou seja, independentemente de existir ou não uma providência cautelar este conselho de administração tem o dever e a obrigação de assegurar a gestão normal e quotidiana da SAD do Santa Clara", disse Rui Cordeiro.

Em declarações à agência Lusa, José Manuel Meirim, professor de direito do desporto, faz uma leitura mais cautelosa do despacho do Tribunal de Ponta Delgada, considerando mesmo "ser arriscado" estabelecer contratos à revelia desta suspensão.

"Eu diria que seria arriscado fazer contratos sem haver a decisão da primeira instância. Não digo que a resposta seja totalmente de invalidade, mas correm-se alguns riscos de que esses contratos, uma vez deferida a providência, sejam considerados inválidos, acarretando responsabilidades à própria sociedade ou às próprias pessoas que agiram ou possam vir a agir no âmbito de uma suspensão", afirmou José Manuel Meirim.

À margem de toda esta polémica, a equipa do Santa Clara arrancou hoje a terceira semana de trabalhos sendo que o atual presidente do clube e da SAD do Santa Clara assegura que "não há instabilidade" no grupo de trabalho.

"Nós tivemos o cuidado de ir ao balneário e aquilo que podemos realçar é um grande espirito de união, um grande espirito de grupo e um sentimento de pertença e orgulho de fazer parte deste novo projeto do Santa Clara. A equipa está mais unida do que nunca", assegura Rui Cordeiro.