O presidente do Oriental, José Nabais, lamentou esta quarta-feira a demora nos desenvolvimentos da operação ‘Jogo Duplo’ e mostrou-se ansioso para que o processo chegue ao fim, frisando que o clube é "a parte lesada".

"Na nossa posição, a única coisa que dizemos é que estes desenvolvimentos pecam por tardios. A justiça está a fazer o seu trabalho e temos que aguardar serenamente, mas com alguma ansiedade que o processo chegue ao fim, até porque o Oriental é parte lesada neste processo todo", começou por dizer à Agência Lusa.

Depois do comunicado divulgado hoje pela Policia Judiciária (PJ), em que adianta que a investigação surge no seguimento da primeira fase da operação ‘Jogo Duplo’, na qual, em maio de 2016, foram detidas 15 pessoas e realizadas 31 buscas, José Nabais, que preside ao clube há 15 anos, confessou que só ficará aliviado quando operação terminar, defendendo que o Oriental deve ser indemnizado pelos danos causados.

"Ficaremos felizes quando o processo chegar ao fim, até para tomarmos algumas atitudes e uma posição, nomeadamente, pedir ou exigir alguns ressarcimentos pelos prejuízos causados ao bom nome do clube por quem, eventualmente, seja culpado por estas situações", frisou.

Para o líder do clube de Marvila "o processo estava adormecido e já esperava que mais cedo ou mais tarde houvesse novos desenvolvimentos".

O presidente lembrou que os jogadores envolvidos na operação saíram do clube no final da época transata e assegurou que estará atento se existirem condenações.

"Os quatro jogadores implicados saíram todos, nenhum ficou no clube. Não quero dizer que sejam culpados, porque não estou a culpar ninguém. Foram afastados e deixaram de pertencer aos quadros do Oriental. Os desenvolvimentos que se seguirem vamos aguardar como parte interessada, porque este processo há de chegar ao fim e a haver condenações, estaremos atentos", declarou.

A terminar, José Nabais não deixou de lamentar que a "justiça não seja célere" e salientou que o clube "já passou pela fase mais aguda do processo".

Por outro lado, em nota publicada no Facebook oficial do clube, a direção mostrou-se surpreendida pelas notícias que visam o Oriental, mas descansou os adeptos, relembrando que o caso é uma continuação da operação em curso.

"Fomos hoje surpreendidos por notícias em que se evoca o nome do nosso Clube novamente a propósito do Processo Jogo Duplo que, como é do conhecimento geral, teve o seu epílogo em maio do ano passado. Queremos esclarecer e tranquilizar todos os Orientalistas que não existe nenhum processo novo, mas sim a continuação do já anteriormente conhecido".

A investigação decorre há cerca de um ano e tem como objeto o fenómeno da corrupção no desporto como instrumento do ‘match fixing’ (viciação de resultados) de competições oficiais de futebol.

Na primeira fase da operação de combate à corrupção no desporto, tornada pública a 14 de maio do ano passado, 15 pessoas, entre os quais alguns futebolistas, foram detidas por suspeita de "manipulação de resultados de jogos da II Liga de Futebol", com recurso ao aliciamento de jogadores.

Dos 15 detidos, três ficaram a aguardar julgamento em prisão preventiva.