O presidente do Santa Clara, Rui Cordeiro, prometeu, faltavam três jornadas para o fim da II Liga de futebol: se o clube subisse, ia subir a montanha do Pico. Bem-dito, bem feito.
À agência Lusa, o presidente assume: “Foi de improviso” que surgiu o desafio, mas os “jogos de bastidores” motivaram Cordeiro a realçar que o Santa Clara “move montanhas para tentar subir de divisão”.
“Ora, como temos a montanha mais alta do país, ocorreu-me fazer essa promessa. E aqui estamos para a cumprir”, contava na quarta-feira, antes de longas horas de subida e descida da montanha do Pico, na ilha açoriana com o mesmo nome.
No total, entre equipa, técnicos, dirigentes e imprensa, foram 34 a subir a montanha – aos quais se juntaram dois guias, Renato e Ricardo.
“Esta montanha representa bem a nossa caminhada na II Liga”, contava a meio do percurso Clemente, um dos mais carismáticos jogadores do clube, avançado açoriano que já esteve em várias subidas de divisão, mas de outras equipas.
E continuou: “Nas outras subidas entrei em projetos a meio. No Santa Clara iniciei este projeto, com este presidente, esta equipa, tem tudo um sabor especial”.
Jogadores como Rashid ou o capitão Pacheco foram outros dos mais enérgicos e bem-dispostos do trajeto, que demorou sensivelmente oito horas entre o começo e o seu fim, com paragem maior na cratera e no Piquinho, efetivamente o ponto mais alto da montanha, 70 metros acima da cratera.
Ali, a equipa tirou fotografias com a bandeira dos Açores e do Santa Clara, gravando ainda uma mensagem de apoio ao ‘fair play’, com a situação vivida pelos futebolistas do Sporting, agredidos na terça-feira por adeptos, na mente.
Carlos Pinto, treinador que atingiu a subida, mas que se sabe já que não continuará no clube açoriano, enalteceu o esforço dos atletas antes do período de férias: “Quando se quer alcançar muito algo, vai custar, custa sempre, mas vale a pena”, diz, falando sobre a subida ao Pico mas também, naturalmente, sobre o segundo lugar no escalão secundário de futebol.
No final, Renato Goulart, um dos guias, resumia a jornada de mais de oito horas entre a subida, algumas paragens, e a descida da montanha: “Foi especial, termos uma equipa açoriana na I Liga é especial, foi um feito”.
Sobre o percurso, e apesar de o grupo ser grande, houve “disciplina”, todos “cumpriram as ordens dos guias”. E quem foi o melhor? “O melhor foi os Açores, é sempre os Açores”.
O Santa Clara juntou-se na subida ao principal escalão do futebol nacional aos madeirenses do Nacional, que conquistaram o título de campeões da II Liga.
A formação de Ponta Delgada conta três presenças na I Liga, a última das quais em 2002/03, após ter obtido a sua melhor classificação entre os ‘grandes’, com o 14.º lugar em 2001/02.
A estreia do emblema dos Açores no principal escalão ocorreu em 1999/2000, quando terminou o campeonato na 18.ª e última posição.
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