O presidente do Santa Clara apelou hoje ao “bom senso” do Banif, principal credor do clube, para poder ser cumprido o plano de insolvência, admitindo que a solução para a dívida passa "pela subida de divisão".

"A lógica será criar condições para que o Santa Clara possa subir de divisão, ter acesso a receitas mais confortáveis e poder cumprir o plano que está em cima da mesa", afirmou Mário Batista, à saída da quarta Assembleia de Credores, no Tribunal de Ponta Delgada.

O presidente do clube admitiu que as receitas "têm decrescido na ordem dos 70 por cento" e apelou ao "bom senso do Banif" para que se possa cumprir o plano de insolvência, garantindo que o clube "não pode correr o risco de descer de divisão" já que isso representava a perda de "90 por cento das receitas".

"Não tem havido a visão por parte do Banif em perceber qual é o negócio em que estamos inseridos, porque na realidade neste momento temos de reconhecer que o Banif é o dono do Santa Clara. Se efetivamente acham que no atual contexto, com as atuais receitas, temos condições de cumprir o plano então nós trocamos de cadeiras. Vêm aqui para a SAD e façam as suas continhas e vejam se são capazes de cumprir", disse Mário Batista.

A divida do clube ao Banif é na ordem dos cinco milhões de euros e segundo o presidente da formação açoriana representa um encargo semestral de 150 mil euros.

O Plano Especial de Revitalização estima que dos cinco milhões de euros de dívida, serão transferidos para a SAD três milhões e os restantes dois milhões serão amortizados com a venda judicial de património, que terá de ser concretizada até ao final do próximo ano.

Os bens do Clube Desportivo Santa Clara estão avaliados em 1,94 milhões euros e consistem num terreno, um ginásio, a sede do clube e cinco apartamentos.

O juiz decidiu hoje adiar a votação do plano de insolvência, que vai ter de ser feita por escrito no prazo de 10 dias, remetendo a decisão para 31 de janeiro.

Questionado pelos jornalistas, Mário Batista negou estar a ser negociado um reforço de verbas com o Governo Regional dos Açores, mas relembrou que aguarda a conclusão de "um estudo feito pelo executivo açoriano que abrange as várias modalidades e que avalia o retorno que essas marcas dão à Região".

"É o caso recente do Grupo Desportivo Comercial em relação ao Sata Rallye Açores, no qual se chegou à conclusão que há um retorno e entendeu o governo e muito bem reforçar em 50 mil euros a próxima comparticipação. Nós estamos a aguardar que esse trabalho seja concluído de forma a perceber o retorno que a marca Santa Clara dá à Região", admitiu.

O apoio do Governo Regional dos Açores ao Santa Clara para a época 2013/2014 é de um milhão de euros.