O presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) reiterou esta terça-feira a posição de que o despedimento coletivo em curso na Académica é ilícito e acusou a Direção do clube de manter uma postura "arrogante e falaciosa".

"A Académica não tem revelado vontade de resolver o problema. Avançou com um processo unilateral e uma proposta de indemnização, mas, ao mesmo tempo, continuou a contratar, o que, só por si, torna o despedimento ilícito", disse à agência Lusa Joaquim Evangelista.

O dirigente sindical, que hoje participou na terceira e última reunião com a Direção da Académica, em Coimbra, considera que a situação económico-financeira do clube, derivada da descida à II Liga, não está fundamentada para existirem razões para o deferimento do despedimento coletivo.

Segundo Joaquim Evangelista, o processo desencadeado pela ‘briosa’ visa "pressionar os jogadores a reduzir o salário, situação que poderia ter sido resolvida através de uma negociação atempada e mediada pelo sindicato, que não foi contactado em devido tempo.

"Os jogadores e o sindicato estão disponíveis para uma solução consensual e existe ainda espaço de manobra para resolver a questão de forma equilibrada", salientou o responsável, referindo que não se compreende que o "clube queira reduzir a massa salarial e ao mesmo tempo continue a contratar".

O presidente do SJPF frisou ainda que voltou a insistir junto da Académica para que seja disponibilizada toda a documentação solicitada sobre as medidas que o clube está a tomar para reduzir custos.

Joaquim Evangelista adiantou que na quarta-feira o sindicato vai pronunciar-se sobre a proposta de indemnização apresentada pela Direção da ‘briosa’, deixando antever que não será favorável.

A Académica pretende diminuir a massa salarial do plantel profissional e recorreu ao despedimento coletivo para extinguir oito postos de trabalho, embora mantenha negociações com alguns jogadores.

A nova gerência justifica a decisão com o facto de o clube ter descido à II Liga, "realidade que diminui abruptamente as receitas e que obriga a uma profunda reestruturação interna com vista a adaptar os seus recursos à nova realidade".

A Direção liderada por Paulo Almeida destaca que, "de entre as receitas, a maior fatia é, de longe, composta pelos direitos televisivos, pagos ao abrigo do contrato com a empresa PPTV, SA, que rendeu no ano transato dois milhões de euros e que, na próxima época desportiva, irá render 500 mil euros".