O Sporting da Covilhã, da II Liga de futebol, voltou a aprovar, por uma diferença de 15 votos, a transformação da Sociedade Desportiva Unipessoal por Quotas (SDUQ) em Sociedade Anónima Desportiva (SAD).
A decisão prevê um aumento de capital da SDUQ de 50 para 250 mil euros, “com a finalidade da sua transformação em SAD” e, além dos 10% de que o clube legalmente terá de ser detentor, serão vendidas aos sócios até 10% das ações, ficando os restantes 80% disponíveis para investidores.
Os sócios podem subscrever, nos próximos sete dias, até cinco mil ações, a cinco euros cada, num total de 25 mil euros, tendo prioridade os associados mais antigos.
Foi também aprovada a autorização para que a direção possa alienar a terceiros até 80% do capital social da futura SAD, “que pode ocorrer até ao final do mandato”, mas com a obrigação de a venda precisar ser validada em assembleia geral do clube. Um ponto que não constava na reunião magna de 29 de dezembro, onde a criação da SAD foi aprovada por maioria, mas a decisão foi suspensa por uma providência cautelar interposta por dois sócios, um deles vice-presidente do Conselho Fiscal e Disciplinar do Sporting da Covilhã, Paulo Ribeiro.
Perante as críticas de alguns sócios, de que a ordem de trabalhos continua a enfermar de ilegalidade, ou que está a ser passado “um cheque em branco” à direção liderada por José Mendes, o presidente da assembleia geral, Jorge Gomes, acentuou as “mudanças significativas”.
“Só esta AG pode permitir a venda de capital. Esta foi a enorme transformação que se fez em relação a dezembro de 29 de dezembro. É dar poder aos sócios”, realçou Jorge Gomes. “Ninguém pode vender 1% do capital sem esta AG dar a validação prévia”, acrescentou.
Segundo o presidente, José Mendes, que ao longo dos anos resistiu a essa operação, este é o caminho para ir buscar investimento e tornar a equipa mais competitiva, numa altura em que os valores dos direitos televisivos foram reduzidos.
“Sentindo dificuldades enormes a nível de orçamento para competir com esses clubes que são SAD, não me restou outra hipótese senão pensar em alterar a SDUQ para SAD”, justificou o dirigente.
O vice-presidente Paulo Rosa adiantou que a futura venda do capital social representará para o clube fundador da SAD “um encaixe financeiro de três milhões de euros, ou mais”, sublinhando que 80% do capital social correspondem a um “valor virtual” de seis milhões de euros.
Paulo Rosa vincou que, antes de qualquer decisão, o investidor ou investidores, o projeto desportivo e o projeto financeiro terão de ser apresentados em AG extraordinária.
O vice-presidente enfatizou existirem cláusulas de salvaguarda que protegem os direitos do Sporting da Covilhã no que toca aos símbolos do clube, localização da sede, alienação de património ou cisão, fusão, transformação ou dissolução da sociedade.
O Conselho Fiscal, que há três meses não tinha sido ouvido, deu parecer favorável à proposta, por maioria, com o voto contra de Paulo Ribeiro.
O órgão fiscalizador considerou ser uma forma de “captar outro tipo de investimentos” para obter “melhores resultados desportivos” e manifestou serem “reais os riscos de manter a SDUQ”, devido aos maiores recursos financeiros das SAD.
Perante o protesto de mais de 60 sócios, que apresentaram um recurso para que o voto fosse secreto, pretensão negada há três meses, o presidente da AG voltou a rejeitar o pedido, fundamentando que os estatutos do emblema serrano não o permitem.
Na AG, que decorreu no Auditório das Sessões Solenes da Universidade da Beira Interior, votaram 282 sócios.
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