O selecionador angolano, Romeu Filemon, manifestou esta terça-feira a sua abertura para o diálogo com a Federação Angolana de Futebol (FAF), que decidiu suspender o técnico "por ausência injustificada".Em causa está a

ausência do técnico angolano nos treinos de preparação da seleção ao Campeonato das Nações Africanas (CHAN2016), prova a disputar-se no Ruanda, entre 16 de janeiro e 07 de fevereiro, em que as seleções só podem utilizar jogadores das respetivas ligas.

Romeu Filemon, que tinha prometido apresentar a sua versão dos factos em conferência de imprensa, a ser realizada na quinta ou sexta-feira, optou por conceder uma entrevista ao Jornal dos Desportos, manifestando a sua abertura ao diálogo com a FAF.

"Todos nós [FAF e corpo técnico] estamos a trabalhar para a nação e é com respeito ao povo angolano e a direção da federação que prefiro esperar o diálogo e depois pronunciar-me publicamente, caso for necessário", referiu Romeu Filemon ao jornal.

Segundo Romeu Filemon, "a falta de diálogo é o motivo de muitas picardias" na sociedade angolana, sublinhando que é necessário recorrer ao diálogo para se evitar mal entendidos.

Sobre a sua ausência dos treinos, o selecionador angolano disse apenas que na devida altura vai explicar os motivos.

A imprensa angolana refere que os oito meses de salários em atraso, entre outras regalias, motivou a sua posição no sábado.

Na quarta-feira, Romeu Filemon tinha pedido a regularização dos salários dos membros da equipa técnica dos ‘Palancas Negras’, durante uma conferência de imprensa realizada em Luanda, para o balanço da primeira fase de preparação da seleção para o CHAN2016.

"Vivemos uma crise financeira que influencia bastante o nosso grupo. Penso que se o problema for resolvido com urgência não vai afetar o grupo. Espero que a estrutura competente da federação possa resolver esta situação o mais rápido possível", apelou na altura o técnico.

Na entrevista ao jornal, o técnico angolano, desde fevereiro de 2014 à frente da seleção, disse acreditar que "este é um assunto que, de certeza, será ultrapassado, mas neste momento o mais importante é encontrar no diálogo a solução".

Além do selecionador, foram também suspensos os seus adjuntos Afonso Paxe e Dombasi Njinga João, por não terem igualmente comparecido ao reinício dos treinos.

À frente da seleção nacional, indicados pela FAF, estão interinamente os técnicos José Kilamba e André Macanga.

Relativamente ao assunto, o vice-presidente da FAF, Osvaldo de Oliveira "Jesus", reprovou a atitude do técnico e dos seus adjuntos, considerando-a "premeditada".

O responsável avançou ainda em declarações à imprensa que a FAF instaurou processos aos três treinadores, porque o que aconteceu "não é uma simples falha".

"Há atraso de salários com os treinadores, como há com toda a federação. Não é um caso particular, como está a fazer-se crer. Temos situações inclusive de dívidas para resolver oriundas de outras direções", confirmou o vice-presidente da FAF.