O presidente destituído da Federação Cabo-verdiana de Futebol (FCF), Vítor Osório, disse esta quinta-feira que há "muita máfia" na seleção do país e denunciou o desaparecimento de um lote de mais de 700 equipamentos, patrocinados pela empresa portuguesa Lacatoni.
"Há muita máfia na seleção nacional. Há um lote de 700 e tal equipamentos da seleção que saíram da Lacatoni e que nunca chegaram até hoje. Nunca conseguimos encontrar o rasto desses equipamentos. As pessoas que estão envolvidas nas máfias sabem o que é que fizeram com esses equipamentos", denunciou.
Vítor Osório fez a revelação numa reportagem publicada hoje pelo canal desportivo cabo-verdiano GreenSports, cinco dias após ter sido destituído do cargo de presidente da FCF pelas associações regionais.
Na reportagem, o ex-dirigente federativo disse que a Locatoni confirmou ter feito a entrega e que "as pessoas receberam", mas os equipamentos "não deram entrada na federação".
Na denúncia, Osório, que disse que saiu da FCF "de cabeça levantada", não indicou quando é que esses equipamentos terão sido entregues à federação.
"Houve muita coisa que quando chegamos tivemos que pôr ordem na casa", disse Vítor Osório, eleito presidente da FCF em maio de 2015, substituindo Mário Semedo, que tinha ocupado o cargo por mais de 10 anos.
Em dezembro de 2014, o então presidente da FCF, Mário Semedo, assinou um protocolo de patrocínio com a Lacatoni, empresa multinacional de vestuário e materiais desportivos, que passou vestir a seleção nacional.
Contactado pela agência Lusa, Mário Semedo remeteu comentários para outra altura.
A direção FCF, liderada até sábado último por Vítor Osório, foi destituída após a polémica em torno do campeonato nacional, em que o Mindelense de São Vicente foi eliminado e a Ultramarina de São Nicolau joga a final da prova com o Sporting da Praia.
No dia 30 de setembro serão realizadas eleições antecipadas, que serão preparadas por uma comissão de gestão, liderada por Mário Avelino, presidente da Associação Regional de Santiago Sul, que em 2015 foi derrotado por Vítor Osório e que já garantiu que é novamente candidato.
Vários outros nomes já se perfilam para liderar a federação, casos de José Mário Correia e Celestino Mascarenhas, com a imprensa cabo-verdiana a aventar a possibilidade do regresso de Mário Semedo, bem como dos nomes de Gerson Melo e Rui Évora.
As polémicas na FCF acontecem a uma semana de a seleção receber no Estádio Nacional a África do Sul, em jogo da terceira jornada do Grupo D da zona africana de apuramento para o Mundial da Rússia, em 2018.
As duas seleções, em extremos opostos no grupo - África do Sul lidera, com quatro pontos, e Cabo Verde está no último lugar sem qualquer ponto - voltam a defrontar-se quatro dias depois, em Durban, em jogo da quarta jornada do grupo, composto ainda por Senegal e Burkina Faso.
Em declarações hoje à imprensa após um encontro com o Presidente da República, Mário Avelino disse que a comissão de gestão não tem verbas suficientes para os dois jogos com a África do Sul, pelo que vai ter que recorrer ao Governo para subsidiar as partidas.
No próximo domingo, o Sporting da Praia recebe a Ultramarina de São Nicolau no Estádio da Várzea, para a finalíssima do campeonato nacional, após a equipa da capital cabo-verdiana ter vencido por 2-1 em São Nicolau.
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