O treinador português Rui Águas, que na sexta-feira se demitiu do cargo de selecionador de Cabo Verde, confirmou que tem oito meses de salários em atraso, acrescentando que não conseguiu evitar a saída do comando técnico dos ‘tubarões azuis’.

"Estava muito ligado a esta equipa. Sentia-me perfeitamente com os jogadores, com a equipa técnica, era um ambiente muito bom. Os resultados também vinham acontecendo e não pude evitar realmente", disse Rui Águas, em declarações à Radio France Internationale (RFI).

Rui Águas anunciou a demissão do cargo um ano e quatro meses após ter assumido a função. Em comunicado, o antigo internacional português já tinha falado das dificuldades sistemáticas vividas ao longo desde período, aludindo à situação de salários em atraso que a equipa técnica tem enfrentado.

"Mesmo sendo difícil para mim dar este passo, chegou o momento de deixar o cargo de selecionador nacional. (...) Porque tudo tem limites, penso ser o mais sensato fazer agora, em função das dificuldades que enquanto profissionais fomos sistematicamente vivendo. É costume dizer-se que os treinadores vivem de resultados, mas a verdade é que não é só deles que vivem as famílias", disse o técnico.

Questionado pela RFI sobre se os limites estavam relacionados com as questões financeiras, Rui Águas confirmou que "na maioria sim".

"São muitos meses de atraso. Dia após dia, semana após semana, mês após mês, o peso vai sendo maior, e o cansaço, e o desgaste. Nós temos a nossa vida, as nossas obrigações e as nossas necessidades como qualquer cidadão e estes meses não foram fáceis. Foi algo que fomos sempre ultrapassando, trabalhando e fazendo o melhor possível, mas com dificuldades, porque o incumprimento foi sendo permanente", disse o técnico português.

Em entrevista à agência Lusa a 8 de dezembro último, o presidente da FCF, Vítor Osório, garantiu que os problemas salariais com a equipa técnica estavam a ser resolvidos normalmente e que Rui Águas não estava de saída.

O antigo jogador do Benfica e FC Porto, de 55 anos, foi apresentado como selecionador de futebol de Cabo Verde em agosto de 2014, quando Mário Semedo ainda era presidente da FCF, antes de ser substituído por Vítor Osório em maio do ano passado.

Na altura, sem avançar valores do contrato, Mário Semedo informou que a remuneração da equipa técnica cabo-verdiana era assegurada pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), resultado de um acordo verbal feito com a atual direção da FCF.

Rui Águas, que tinha um contrato de dois anos, substituiu Lúcio Antunes na seleção cabo-verdiana e levou os ‘tubarões azuis’ à Taça das Nações Africanas (CAN) de 2015, tendo ficado pela primeira fase, com três empates em outros tantos jogos.

O último jogo de Rui Águas à frente da seleção cabo-verdiana aconteceu em novembro último, tendo vencido o Quénia por 2-0 e garantido o apuramento para a fase de grupos da zona africana de apuramento para o Mundial2018.

Cabo Verde está ainda a disputar o apuramento para o CAN2017 e lidera o Grupo F, com seis pontos, os mesmos que Marrocos. São Tomé e Príncipe e Líbia ainda não pontuaram.

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