Vítor Osório garante que o dinheiro para as viagens e estágios da seleção de futebol de Cabo Verde estão salvaguardados e que não há nenhuma crise financeira na Federação Cabo-verdiana de Futebol.

Em entrevista ao SAPO Desporto, o presidente da FCF justificou a escolha de Beto Cardoso para selecionador, falou da alegada intervenção que teve nos trabalhos da anterior equipa técnica liderada por Rui Águas e das consequências do atual clima de instabilidade na seleção sobre os jovens que militam no estrangeiro e que podem representar os "tubarões azuis".

SAPO Desporto: O Jornal ANação na sua última edição escreveu que o senhor tentou influenciar as escolhas do anterior selecionador e que as relações entre a equipa técnica e alguns membros da FCF não eram as melhores, principalmente entre o adjunto Romão. O que tem a dizer sobre isso?

Federação Cabo-verdiana de Futebol: Olha, cada um é livre para escrever o que quiser, isso faz parte da imaginação das pessoas. Nem vou comentar...

SD: Escolheu Beto Cardoso para selecionador de Cabo Verde, depois da saída de Rui Águas. O que pesou na sua decisão?

FCF: O que pesou foram duas coisas importantes: professor Beto é um profundo conhecedor do futebol cabo-verdiano, conhece muito bem a seleção, vem trabalhando com a seleção e com este grupo de jogadores há muito tempo. É um indivíduo com um palmarés firmado no futebol cabo-verdiano, conhece o futebol nacional, conhece os jogadores, conhece o futebol internacional, tem experiência, os próprios jogadores disseram que foi a melhor escolha. Estamos seguros, tranquilos já que ele tem identificação com o grupo de jogadores.

SD: Chegou a equacionar contratar Lúcio Antunes para o cargo? Chegou a contacta-lo para saber da sua disponibilidade para o cargo, ele que conhece também os jogadores e já orientou os "tubarões azuis"?

FCF: A escolha foi o professor Beto. Não vou falar de ninguém, ele vai continuar a fazer o trabalho que vinha sendo desenvolvido, agora na qualidade de selecionador.

SD: Com todo este ruído à volta da Federação, teme que isto vá influenciar os jogadores que militam no estrangeiro e que possam vir a ser chamados a representar cabo verde?

FCF: Não creio, é uma questão que não se coloca. Repare, a seleção de Cabo Verde é um orgulho para os cabo-verdianos, os dentro e fora do país. Temos de saber contornar dificuldades, que vão existir sempre. Seja com essa federação gerida por mim, ou gerido com outras pessoas. Vai haver dificuldades como já houve no passado, a vida é dinâmica, é feita de dificuldades. Temos é de ter capacidade para resolver estas questões que vão surgindo no dia-a-dia. Os jovens dentro e fora de Cabo Verde têm o amor ao país, essa questão não se coloca. Defendem e vão querer representar cada vez mais a seleção de Cabo Verde.

SD: O Fernando Varela disse, numa entrevista à Rádio de Cabo Verde, que o ambiente à volta da seleção devia estar melhor e que recomendaria ainda uma reunião entre todos, com vista a uma tomada de decisão, para a melhoria da seleção. O ambiente não é o melhor?

FCF: Se calhar o Fernando Varela tem elementos que nós ainda não temos. Mas estamos todos juntos, as escolhas têm funcionado naturalmente, se há coisas a melhorar, vão ser melhoradas. Isso não é nenhum drama. Estamos dispostos a melhorar. Somos um grupo de várias pessoas, cada um com o seu ponto de vista, há que encontrar um equilíbrio e isso consegue-se pelo diálogo, não é pelo extremismo.

SD: Voltando ao tema dos salários em atraso da anterior equipa, pode garantir aos cabo-verdianos que as verbas relativas aos estágios e viagens da seleção estão salvaguardadas e que não haverá problemas nos próximos compromissos do "tubarões azuis" no que a logística diz respeito?

FCF: A questão Rui Águas não tem nada a ver com as deslocações e viagens e estágios. São questões diferentes, a de Rui Águas é uma questão diferente das de tesouraria. Não fomos nós que despoletamos a questão do Rui Águas, era algo que estava a ser gerido pelas instituições que podiam e deviam gerir isso. Rui Águas tinha essa situação da dívida da Federação mas relativamente aos prémios de jogo dos jogadores, não há problema, têm os seus prémios pagos. O orçamento da Federação é feito por rúbricas. Quando você tem dinheiro para comprar leite, não vai usar esse dinheiro para ir ao cinema ou pagar combustíveis. Temos o dinheiro das viagens, dos jogos, isso está tudo salvaguardado, as coisas estão asseguradas. A questão de Rui Águas era diferente, não dependia da Federação, fugia do seu controle. O resto depende de nós.