Prolongamento. No Estádio Rei Balduíno, em Bruxelas, o empate a um golo resistia teimosamente entre França e Portugal. Tudo seria desfeito a escassos três minutos do fim, com uma mão de Abel Xavier na área portuguesa a fazer correr muita tinta. Zidane marcou com sucesso e acabou o sonho de Luís Vidigal, que via a final do Euro2000 a poucos minutos de distância.

Em entrevista ao SAPO Desporto, o antigo internacional português faz um passeio pela avenida da memória, no contexto de mais um França-Portugal, e traz à tona as suas impressões desse desafio com uma certa mágoa. "As recordações não são as melhores. Se olharmos para o que tínhamos feito para trás, percebemos que estivemos a um passo de conquistar um título. Ultrapassando a França muito dificilmente nos parariam. As condições e a forma como o jogo terminou deixaram-nos mais tristes ainda", afirma o ex-jogador.

Numa prova que deixou saudades pelo futebol positivo de Portugal, então liderado por Humberto Coelho, o antigo médio realça o legado dessa seleção: "A partir daí tornámo-nos numa das seleções mais fortes da Europa. Passámos a estar sempre no top-5. Serviu para provarmos o nosso valor. Com tristeza, digo que foi também um sinal positivo".

Do outro lado estavam os campeões do Mundo e as estrelas Zidane, Henry, Deschamps ou Trezeguet, entre outros. Nada que inspirasse temor na equipa das quinas. "O valor da França de então só confirma a nossa prestação fantástica. A partir daí a vida da seleção mudou, tornou-nos uma seleção poderosa", refere, refutando a existência de um peso histórico das derrotas contra os 'bleus': "No subconsciente de um ou outro jogador pode pesar, mas infelizmente temos encontrado uma França forte sempre que a defrontamos".

Deixando o passado entre as memórias, Luís Vidigal considera que a atual seleção da França não tem a força de outrora e que o jogo com Portugal pode, assim, ser mais "equilibrado". "O jogo vai servir como se fosse um treino. Fernando Santos vai perceber se já há uma compreensão das suas ideias. Este é um momento de viragem, mas vamos acreditar que Portugal vai fazer um jogo organizado e preparar a equipa que irá defrontar a Dinamarca".

Por fim, o ex-internacional português junta a sua voz ao coro de apoio a Fernando Santos, que fará este sábado, no Stade de France, a estreia ao comando da Seleção. "Este é um momento complicado. O momento é tão delicado que teria de haver unanimidade e temos de apoiar e acreditar que temos o melhor treinador", remata.

França e Portugal defrontam-se este sábado (19h45) no Stade de France, em jogo de caráter oficioso integrado na fase de qualificação para o Euro2016.