Carla Couto é a jogadora com mais internacionalizações pela selecção principal de futebol, à frente do “masculino” Luís Figo, mas sempre que entra em campo com a camisola da “quinas” ainda treme, como se tivesse a representar Portugal pela primeira vez.

A avançada da União 1.º de Dezembro, que já conta com 36 anos de idade, soma 129 jogos pela equipa das “quinas”, mais dois do que Figo, não esconde o «orgulho» de ter atingido essa marca, mas não se sente «uma pessoa diferente».

«Quando me estreie em 1993, estava mesmo muito nervosa, mas ainda no último jogo, quando estava ouvir o hino, a perna continuava a bater e a tremer da mesma forma do que há 17 anos atrás. Por isso, não é isso que me move, é bom claro mas não faz de mim uma pessoa diferente», contou Carla Couto à Agência Lusa.

A experiente jogadora lusa, que faz parte da selecção nacional que está a disputar a Algarve Cup/Mundialito de futebol feminino, diz que continua a ter o mesmo «prazer e orgulho» em vestir a camisola das “quinas”, e quase fica sem resposta quando é questionada sobre o final da carreira.

«Espero jogar até amanhã», brincou Carla Couto. «É uma situação que vou pensado ano a ano. Enquanto tiver capacidade e sentir que sou útil vou continuar», acrescentou.

A avançada, que já actuou num clube chinês e num norueguês, admite que as «exigências são cada vez maiores», mas mesmo assim, e apesar da idade, não coloca de parte alcançar os 150 jogos internacionais.

«Era engraçado mas não sei se sou capaz. Quando sair, saio com orgulho com aquilo que já fiz», disse.

Nos 17 anos de carreira, Carla Couto, que assume ser uma jogadora «com um feitio nada fácil», lembra particularmente um encontro frente à Finlândia, a contar para o sétimo e oitavo lugares do Mundialito de 2009.

«Fiz um grande golo e depois falhei o penalti decisivo. Esse jogo marcou-me», confessou.

Para a seleccionadora portuguesa, Carla Couto é um «exemplo», uma «peça importante na recepção às jogadoras mais novas» e compara-a mesmo à brasileira Marta, vencedora do prémio FIFA nos últimos cinco anos.

«Não me parece que vá existir outra Carla Couto nos próximos anos. O que Marta é para o futebol brasileiro, a Carla Couto é para os portugueses», disse Mónica Jorge.

Amigas há «mais de 13 anos», a capitã Edite Fernandes, que também nos estágios costuma ser companheira de quarto de Carla Couto, fala da avançada como uma «grande referência».

«Temos uma grande amizade. É um exemplo para as mais jovens e uma grande referência. Como jogadora aprendi mesmo muito com ela», afirmou.