Mesmo que seja à feijões para Portugal, o jogo com a Croácia é para ganhar. Em causa está o prestígio dos campeões europeus e ainda detentores da Liga das Nações, num jogo onde o foco principal deverá estar em Cristiano Ronaldo. O capitão das seleção das Quinas soma 102 golos com a camisola principal de Portugal e está a apenas sete de igualar o recorde do iraniano Ali Daei.

Por isso, será natural que durante o jogo os jogadores da Seleção de Portugal queiram ajudar o capitão a encurtar distâncias para o iraniano, neste que é o último jogo da formação lusa em 2020.

Além de Ronaldo, há a curiosidade para saber como Fernando Santos irá montar a equipa. Com Portugal já fora da 'final four' da Liga das Nações e já com o 2.º lugar do Grupo assegurado, o técnico deverá dar minutos aos atletas menos utilizados. Por isso, é provável que alguns dos jogadores titulares frente a Andorra possam entrar no onze, como são os casos do guarda-redes Anthony Lopes, do central Rúben Semedo, dos médios Sérgio Oliveira e Rúben Neves, e dos avançados Pedro Neto e Paulinho.

Mas o selecionador de Portugal não deverá querer mexer muito no onze, para não descaraterizar a equipa. Certo é que, para este jogo, Portugal não poderá contar com Raphael Guerreiro, dispensado da seleção com problemas físicos.

Se o jogo pouco contará para a equipa das ‘quinas’, o mesmo não se aplica à Croácia, que ainda luta por assegurar a manutenção na Liga das Nações A. Os croatas ocupam o terceiro posto, com os mesmos três pontos dos suecos, quartos e últimos colocados, que na derradeira ronda visitam a França. O desaire (2-1) sofrido no jogo quinta jornada em Estocolmo impediu os croatas de garantir a permanência entre os melhores e deu nova vida à Suécia, sendo que o último classificado é despromovido à Liga B.

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A situação é tangencialmente favorável aos croatas de Zlatko Dalic, cuja vantagem sobre os suecos, que viajam a França, está apenas no maior número de golos marcados (7-13 contra 3-9), pois também tinham batidos em casa os escandinavos por 2-1.

Portugal, ainda detentor do título, totaliza 10 pontos e já sabe que não sairá do segundo lugar, mesmo que iguale os 13 pontos da já apurada França, que tem vantagem no confronto direto, pois tinha empatado a zero na receção à seleção lusa.

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A casa do Hajduk Split vai ser o palco do sétimo duelo de sempre entre estas duas seleções, quarto oficial, com Portugal a ter um registo bastante positivo, de cinco vitórias, a mais importante nos oitavos de final do Euro2016, e apenas um empate (1-1), que aconteceu na penúltima vez que se encontraram, num particular em 2018, no Estádio Algarve. Nunca jogou em solo croata.

Depois de três jogos em casa e outros tantos em campo neutro, Portugal, que ganhou cinco, estreia-se a jogar fora face aos vice-campeões mundiais em título, num embate oficial, mas que é apenas para ‘cumprir calendário’, pois o Grupo 1 está decidido.

A seleção lusa chega a Split fora da fase final, de nada valendo o 4-1 face aos croatas, em 05 de setembro de 2020, dia em que Portugal venceu no Dragão por convincentes 4-1, mesmo desfalcado de Cristiano Ronaldo, que deu positivo à covid-19. João Cancelo, aos 41 minutos, Diogo Jota, aos 58, João Félix, aos 70, e André Silva, aos 90+5, apontaram os golos dos comandados de Fernando Santos, enquanto Bruno Petkovic marcou para os croatas, aos 90+1.

Antes deste encontro, os dois conjuntos defrontaram-se em mais dois jogos oficiais, ambos em fases finais do Europeu, e Portugal acabou sempre a ‘sorrir’. Em 1996, na cidade inglesa de Nottingham, a seleção lusa chegou ao encontro da terceira ronda da fase de grupos a precisar de empatar, perante uns croatas que, já apurados, pouparam vários jogadores para os quartos de final. Luís Figo e João Vieira Pinto, na primeira parte, e o suplente Domingos Paciência, na segunda, selaram o triunfo dos comandados de António Oliveira por claros 3-0.

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Duas décadas mais tarde, o jogo aconteceu na cidade francesa de Lens e foi o primeiro a eliminar para as duas equipas no Europeu de 2016, nos oitavos de final. Um golo de Ricardo Quaresma, já na parte final do prolongamento, aos 117 minutos, valeu um triunfo por 1-0 a Portugal, que viria a conquistar a prova, numa final face à anfitriã França decidida no tempo extra (1-0) pelo ‘herói’ Éder.

No que respeita aos jogos particulares, Portugal venceu por 2-0 em 2005, em Coimbra, com tentos de Petit e Pauleta, e por 1-0 em 2013, na cidade suíça de Genebra, graças a um golo de Cristiano Ronaldo. Em 2018, no Estádio Algarve, Perisic adiantou os já vice-campeões mundiais em título, mas o agora ausente Pepe, em dia de 100.ª internacionalização ‘AA’, selou a igualdade, na única vez que os croatas não perderam com Portugal.

O que dizem os treinadores

Fernando Santos garante que ninguém vai jogar para Ronaldo. Na antevisão do jogo, o selecionador de Portugal explicou que o encontro é para ganhar porque é assim que é encarado cada jogo e descarta uma equipa a jogar para ajudar Cristiano Ronaldo a ficar mais perto do recorde de golos por uma seleção.

"Seguramente que não, ninguém vai fazer isso, num jogo oficial, a pensar nos golos do Cristiano. Os jogadores são responsáveis, o próprio Cristiano não gostaria que isso acontecesse. Num amigável pode acontecer, em muitos casos, na tentativa de ajudar um jogador a chegar a Bola de Prata ou Bola de Ouro, e toda a gente se juntar para ajudar o jogador a fazer mais um golo. Mas neste caso tenho a certeza que não, nem o próprio Ronaldo acharia isso possível. Ele marcará quando tiver de marcar", garantiu Fernando Santos.

Já sem possibilidade de alcançar objetivo definido, a 'final four' da Liga das Nações, Fernando Santos vai aproveitar este jogo para dar minutos a alguns jogadores.

"Se tivéssemos ganho o outro jogo [com a França], este teria um cariz um pouco diferente e isso poderia acontecer. Neste caso, haverá algumas alterações, mas não passará por isso. Passará pelo número de jogos. Vamos fazer alterações à equipa para a manter forte para ganhar o jogo", declarou.

Já Zlatko Dalic, selecionador croata, não acredita num Portugal menos forte, devido ao facto de não ter hipóteses de chegar à 'final four' da Liga das Nações.

"Não espero um Portugal fraco, espero um Portugal forte, que vai querer vencer. É uma grande equipa e não será nada fácil para nós. Espero um grande jogo e a melhor equipa portuguesa em campo", começou por dizer o técnico, em conferência de imprensa.

Os elogios do selecionador Fernando Santos à vice-campeã mundial não foram indiferentes a Zlatko Dalic, apesar de reconhecer que, atualmente, a Croácia não vive o melhor momento em termos de resultados.

"Eu agradeço as palavras e acho que merecemos pelo segundo lugar no Mundial2018, na Rússia. Nos dias de hoje, vivemos uma mudança de gerações e os resultados não são os mesmos, mas vamos voltar a ser tão fortes como éramos antes", justificou.

O jogo entre Portugal e Croácia, da sexta e última jornada do Grupo 3 da Liga das Nações A, está agendado para terça-feira, a partir das 19h45 (hora de Lisboa), em Split e será dirigido pelo inglês Michael Oliver.