Bruno Fernandes falou na manhã desta quarta-feira aos jornalistas em conferência de imprensa na Cidade do Futebol. O médio da Seleção frisou a importância de a equipa pensar primeiro no duelo com a Chéquia, abordou o caso de Rafa, as mais recentes polémicas do futebol português e ainda Ronaldo.

Importância de vencer o jogo com a Chéquia: "O nosso objetivo passa por ganhar os dois jogos, mas o foco está no primeiro. Sabemos que precisaremos de fazer o maior número de pontos possíveis para passarmos à próxima fase. Estamos cientes das dificuldades que vamos encontrar. O jogo em casa fomos nós a torná-lo fácil, mas nunca o será contra uma seleção de grande qualidade. Sabemos o que nos espera e estamos preparados para isso."

Declarações de Ronaldo sobre presença no Euro 2024: "Quem poderia acreditar que o Cristiano não queria estar nesse Europeu não o conhece bem o suficiente. Nós, como portugueses, sabemos a capacidade de trabalho, resiliência, o gosto por aquilo que faz e ambição que tem vindo a demonstrar ao longo dos anos. Para nós não é uma novidade porque o Cris quer atingir coisas que outros não conseguiram. Vai ter sempre a mesma importância. É o melhor jogador do Mundo e vai continuar a ultrapassar barreiras que outros não conseguem."

Falou com Rafa depois de renunciar à Seleção?: "Não falei com ele ainda nem acho que o deva fazer. É uma decisão dele e que tem de ser respeitada. Cada pessoa tem a sua vida, os seus problemas e maneiras de os resolver. O mais importante é que enquanto cá esteve ajudou-nos muito. Foi campeão europeu e da Liga das Nações. Temos de estar gratos ao Rafa por tudo o que fez ao serviço da seleção nacional. Foi um jogador exímio e que nos ajudou imenso. Agora tomou esta decisão para o bem dele porque ninguém toma uma decisão destas de ânimo leve. Agora só o Rafa poderá falar sobre esse motivo mais tarde. Não me cabe a mim falar sobre o motivo que o levou a renunciar. Estou feliz por ter partilhado o espaço com ele aqui e nos sub-21. Ficará marcado na história do país porque ganhou os dois troféus de seleções. O facto de ter renunciado não retira o que fez por nós."

Seleção com a cabeça já no jogo com a Espanha: "Não estamos preocupados com esse. Se não ganharmos agora e a Espanha ganhar, pouco adianta. O nosso foco tem de estar na República Checa, sabemos da qualidade que têm. Um jogo de cada vez. Queremos ganhar os dois. Sabemos da qualidade de Espanha, mas a República Checa tem grandes resultados e jogadores que estão nas melhores ligas do Mundo. Temos de ganhar o primeiro jogo para facilitar o segundo e ficarmos só a depender de nós. Queríamos ganhar tudo, mas agora passa por ganhar estes dois."

Análise à convocatória e a quem ficou de fora: "É sempre fácil quem não faz escolhas dizer que devia ter vindo A, B ou C. A qualidade é tão grande aqui na seleção e quem ficou de fora tem a mesma qualidade para estar neste espaço. Muitas vezes depende de quem está há mais tempo e já com ideias e logo para dois jogos que são fundamentais. Muitas vezes jogadores que não jogam tanto merecem essa chamada por aquilo que tem feito na seleção. Há muitos jogadores que podiam estar neste espaço, mas não estão. É uma questão de tempo. Quando andava por Itália achava que tinha qualidade para vir e não vim. Ontem o Zicky da seleção de futsal disse que só responde com trabalho e isso tem de ser o slogan de toda a gente. Se continuarmos a trabalhar vamos ter essa oportunidade, como foi o meu caso. Temos muitos a brilhar, no nosso campeonato e lá fora, que estão a fazer grandes coisas e feitos. O importante é que continuem a fazê-lo e a orgulhar o país, mesmo que não venham à seleção e o nosso povo será muito grato por tudo aquilo que fazem lá fora. A oportunidade vai acabar por surgir e têm de estar preparado."

Acontecimentos nas bancadas do Famalicão e Estoril: "Para nós, como portugueses, é ridículo. Já estamos mais avançados, deveria ser mais normal e pessoas deviam aceitar as escolhas de cada um. Não se trata das instituições em questão. No Estoril não foi ninguém do Estoril a dizer para tirar camisola, como em Famalicão. E acontece em outros estádios, com pessoas adultas e não só com crianças. Temos de aprender muito com Inglaterra, o fair-play, as pessoas saem juntas do jogo, rivais, andam de metro e nada acontece. Há confusões e confrontos também, como em todo o lado. As crianças são o futuro e vão ao estádio para ver os seus ídolos e isso pode fazê-las desistir dos seus sonhos por uma coisa que acontece extra-futebol. É responsabilidade de cada um ter mais responsabilidade e perceber que o futebol é um espaço para todos não escolhe género, etnia nem cor. Toda a gente tem de ser respeitada. No estádio, seja qual for a zona, pagou bilhete e tem direito a estar com a camisola de A, B ou C, gritar golo e vibrar com o jogo da mesma maneira que as outras pessoas conseguem fazê-lo. Quero poder estar tranquilo, que meus filhos possam ir ao estádio sozinhos e levem a camisola do clube que quiserem."

Assumir-se como futuro capitão da Seleção: "Não faço projetos a tão longo prazo. Já disse muitas vezes isto. Não me considero líder, mas sim uma pessoa que age naturalmente. Reajo muito à flor da pele, aos meus sentimentos, é a minha maneira de estar no futebol e na vida. Gosto de ajudar, ser crítico, melhorar e melhorar os outros e que tudo à minha volta esteja o melhor possível. A minha maneira de estar dentro de campo é essa. Tento que o jogo flua mais, que os meus companheiros tenham confiança necessária para dar o seu melhor. É a minha maneira de ser. Não o faço para querer liderar ou ser líder. Fui sempre assim, desde miúdo. Podem achar-me rezingão ou mandão, os meus filhos também reclamam comigo em casa. Nem todos somos iguais. Cada um tem a sua maneira de ser. Uns são mais líderes do que outros, mas cada um é líder à sua maneira. O que mais quero é estar aqui em 2024 e ajudar a seleção ao mais alto nível, independentemente de ser líder ou não."

Polémicas no Mundial do Qatar: "São coisas que nos ultrapassam um bocadinho e que como jogadores não há muito que possamos fazer. Já houve alguns jogadores já se expressaram e nada mudou. O importante é que toda a gente esteja bem e seja incluída da mesma maneira no Mundial do Qatar. Como disse há pouco o futebol é para todos. O que mais queremos é que o Mundial seja como sempre foi, um grande espetáculo, uma competição que todos possam usufruir e ter alegria e que no final seja mais uma grande festa do futebol. Mas que seja feita com grande responsabilidade de todos para ser uma festa e uma grande prova onde toda a gente possa usufruir disso."