Os vários organismos e associações sócio-profissionais envolvidos na eleição dos delegados à Assembleia-Geral da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) cumpriram os novos procedimentos, mas revelaram à agência Lusa insatisfação face ao processo.
Um coro de críticas aponta para o facto de o processo estar a ser concluído ainda sem a formalização de candidaturas à direção da FPF e perante um cenário de especulação, mas também para o curto período de tempo da sua execução e para as incompatibilidades dos elegíveis.
Em declarações à Lusa, Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF), questiona a ausência de nomes e estratégias de futuro: «Estamos a preparar-nos para eleger o Governo do futebol e não aparece quem dê a cara».
«Há eventuais candidatos, mas nenhum se assume, pois parece-me que nenhum quer arriscar a sua credibilidade enquanto político ou comentador de televisão», sustenta o dirigente, salvaguardando o anúncio atempado de António Sequeira, antigo secretário-geral federativo.
Quanto ao processo eleitoral conforme os novos estatutos federativos, afirma que se está «a condicionar os candidatos à direção da FPF a quem os vai eleger e isso não é o melhor para propostas reformadoras».
Por sua vez, Luís Guilherme, presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), discorda das incompatibilidades dos delegados eleitos definidas nos novos estatutos, «pois compete aos árbitros definir quem devem ser os seus representantes, independentemente de estarem ou não no ativo».
«Vamos continuar a lutar para alterar essa matéria, conforme fizemos durante o processo de adequação dos estatutos ao Regime Jurídico das Federações Desportivas (RJFD)», afirmou à Lusa o responsável da APAF, organismo que elege cinco delegados.
Silveira Ramos, presidente da Associação Nacional de Treinadores de Futebol (ANTF), também se declara crítico face aos pressupostos eletivos dos delegados.
«Os constrangimentos são inúmeros e não faz nenhum sentido que só possam ser eleitos treinadores que não estejam a exercer a sua profissão ou não possam reentrar na mesma após a sua eleição», lamentou o dirigente da ANTF.
A ANTF também elege cinco delegados, e o seu presidente considerou, em declarações à Lusa, «o processo complicadíssimo e um completo absurdo».
«Já se sabia o que ia acontecer há um ano, mas marcou-se um prazo de 40 dias, com agosto pelo meio», sublinhou Silveira Ramos, para quem «este é um processo mal trabalhado ou então feito com má intenção».
O presidente da Associação de Futebol do Porto (AFP), Lourenço Pinto, voltou a contestar o «processo complexo, que obrigou a grande reflexão e interpretação jurídica, obrigando as várias comissões eleitorais a trabalho árduo».
«Por outro lado, não houve definição exata quanto à elegibilidade dos delegados, porque o que se encontrou nos estatutos não foi interpretado por todos da mesma forma», disse o dirigente da associação portuense, que elege um representante dos clubes das competições não profissionais.
Já Amadeu Poço, presidente da Associação de Futebol da Guarda (AFG), uma das que elege delegados das competições distritais, aponta o dedo às movimentações que precederam a adequação dos estatutos federativos.
«Este processo retirou força às associações e algumas, que até têm mais a perder, deixaram-se ir na onda, ou por pressões ou por outras motivações que desconheço», reiterou Amadeu Poço.
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