O treinador Vítor Pereira afirmou hoje que o primeiro desafio de Fernando Santos como selecionador português de futebol será a recuperação emocional dos jogadores, admitindo que a sua ausência do banco vai ser minimizada.

“Pelo seu currículo, pela sua experiência e pela sua carreira, penso que foi uma boa opção da federação. Acredito que este grupo, apesar da primeira derrota, é acessível e permite-nos recuperar os três pontos perdidos e qualificar-nos para o Europeu”, afirmou o técnico que levou o FC Porto aos títulos nacionais de 2011/12 e 2012/13.

Antes de ter assumido o comando técnico dos “dragões”, Vítor Pereira coadjuvou André Villas-Boas, tendo, por isso, essa dupla experiência, reconhecendo que a ausência de um treinador principal nos clubes tem um menor impacto nos jogadores. Fernando Santos está suspenso pela FIFA por oito jogos oficiais.

“Eu tenho essa experiência em clubes, não em seleções. Nos clubes trabalhamos todos os dias durante meses e, depois, a implementação de um modelo de jogo é uma coisa que se sistematiza, ficando a ausência do treinador principal no banco minimizada, pelo conhecimento dos jogadores relativamente às referências, à dinâmica, por causa do trabalho no dia-a-dia”, referiu.

Para o treinador, a presença de um selecionador durante os jogos é mais relevante, mas a experiência de Fernando Santos e de Ilídio Vale, atual coordenador técnico das seleções jovens de Portugal, vai permitir ultrapassar essa contrariedade.

“Numa seleção, dado o tempo reduzido de trabalho com os jogadores e, apesar de reconhecer total competência ao Ilídio Vale, com quem já trabalhei, a presença do selecionador no banco adquire, do meu ponto de vista, mais alguma relevância, por não ter tempo para passar as suas ideias. Muitas vezes tem de ser no próprio jogo que se passam indicações sobre o que se pretende. Do ponto de vista motivacional, também é importante, mas, sinceramente, pela experiência das pessoas envolvidas, acredito que isso vai ser ultrapassado”, sublinhou.

Antevendo os primeiros encontros de Fernando Santos como timoneiro da seleção lusa, Vítor Pereira diz que ainda vai estar presente o legado de Paulo Bento.

“Eu não acredito num estado de graça. No futebol não há magia, aquilo que a seleção fizer no próximo jogo tem muito mais a ver com aspetos motivacionais e com o trabalho do Paulo Bento do que com aquilo que o Fernando Santos poderá fazer neste curto período de tempo”, frisou.

Nos próximos jogos, um particular com a França, a 11 de outubro, e a visita à Dinamarca, três dias depois, na qualificação para o Euro2016, Fernando Santos tem, segundo Vítor Pereira, sobretudo, de melhorar os aspetos motivacionais e não tanto táticos.

“É importante recuperar a autoestima, porque temos muito mais qualidade do que temos apresentado ultimamente. Mesmo com o Paulo [Bento] tivemos jogos muito bem conseguidos, um Europeu de grande nível e um Mundial que não foi conseguido, penso que é mais uma questão emocional do que outra coisa”, explicou Vítor Pereira, reconhecendo que o novo selecionador não terá muito tempo para conferir o seu cunho pessoal na tática da seleção.

Fernando Santos, de 59 anos, vai ser apresentado na quarta-feira como selecionador de Portugal, depois de ter orientado a Grécia nos últimos quatro anos, contando ainda passagens por clubes como Estoril-Praia, Estrela da Amadora, FC Porto, Sporting e Benfica, em Portugal, AEK Atenas, Panathinaikos e PAOK Salónica, na Grécia.