29 de junho de 1972. Estádio do Maracanã. Portugal vence a Argentina por 3-1 no único triunfo da seleção das quinas sobre os “alvi-celestes”. Fernando Peres estava a fazer estragos no lado esquerdo. No entanto, José Augusto foi obrigado a tirar o médio do Sporting do jogo tal era a violência das entradas sobre o único jogador leonino em campo. Pouco tempo depois, Fernando Peres troca o Sporting pelo Vasco da Gama e torna-se no primeiro português a sagrar-se campeão no Brasil, mas isso é outra história porque hoje é dia de Portugal - Argentina.
“Recordo-me que foi o único jogo que fui substituído no último quarto de hora pelo Matine. O José Augusto teve de me tirar porque eu estava a ser muito massacrado por alguns jogadores argentinos. Fartei-me de levar pancadaria e até me recordo que alguns deles quando me marcavam diziam-me coisas como: ‘te quebro una pierna’ ou ‘tu vais a morir aqui mismo’, e isto só porque fiz um dos melhores jogos na Mini Copa”, confidenciou Fernando Peres ao SAPO Desporto.
"E tinham na altura uma boa equipa contra nós, só que nós tínhamos uma equipa muito jogada, muito entrosada, que era basicamente a equipa do Benfica. Aliás, era a equipa do Benfica com o Peres na primeira parte. E continuava a equipa do Benfica na segunda parte mas com o Dinis", frisou José Augusto, na altura o selecionador nacional de Portugal.
“Toda a equipa jogou muito bem nesse jogo, e só lamento que passados estes anos todos ainda não conseguimos ganhar à Argentina. Espero que seja desta vez, em Inglaterra, que possamos matar o borrego”, acrescentou Fernando Peres sobre o jogo no "Teatro dos Sonhos".
"Lembro-me perfeitamente do jogo com a Argentina, ganhámos por 3-1, os golos foi o Adolfo no final da primeira parte, o Eusébio no principio da segunda e o Dinis a meio da segunda parte concretizou uma bela exibição que fizemos onde fomos superiores aos argentinos", recordou José Augusto.
E para que tal aconteça hoje, Portugal terá de inverter o histórico adverso de cinco derrotas e um empate em sete jogos já disputados. Fernando Peres lembra que já na altura Portugal tinha um dos melhores jogadores do mundo, e que para além de Eusébio em campo a equipa portuguesa tinha um “espírito guerreiro” que não virava a cara à luta, mesmo que o adversário fosse uma potência do futebol mundial como o era, e ainda é, a Argentina.
“Nós também tínhamos grandes, grandes jogadores apesar da Argentina ser uma grande potência, e depois tínhamos uma equipa muito unida, muito homogénea. Éramos uns autênticos guerreiros e não torcíamos ou virávamos a cara a ninguém! E tanto foi assim que ganhámos tudo tendo perdido um único jogo na final contra o Brasil no último minuto, e ainda bem que perdemos porque não sei se saímos de lá vivos se tivéssemos ganho lá”, frisou Fernado Peres sobre o segredo da vitória por 3-1.
A participação de Portugal na Taça da Independência, ou Mini Copa como ficou conhecida a prova, acabou por ser o culminar da ascensão do futebol português no panorama internacional como nos explicou Fernando Peres.
“A década de 60 e 70 foi a época de ouro do futebol português. O Benfica foi campeão europeu duas vezes e foi a cinco finais mais, depois houve um campeonato do mundo de 1966 em que nós ficámos em terceiro lugar, houve o Sporting que em 1964 venceu a Taça das Taças e depois em 72 na Mini Copa fomos à final com o Brasil e perdemos por 1-0 e então a partir dessa década o futebol português começou a despontar e a ser respeitado a nível mundial. Sinto-me honrado de ter pertencido a essa geração de jogadores em que o Eusébio era considerado como hoje o Cristiano Ronaldo”, sentenciou Fernando Peres.
O jogo entre Portugal e Argentina está agendado para as 19h45 no Estádio de Old Trafford, em Manchester.
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