O jornal A BOLA publica na sua edição desta quarta-feira uma extensa entrevista com Fernando Santos, menos de um ano depois do Campeonato do Mundo do Qatar, que acabou por ditar a saída deste do cargo de selecionador nacional ao fim de sete anos, e já depois de o técnico ter também ocupado o cargo de selecionador da Polónia.
Um dos temas abordado é, naturalmente, o estado da relação entre Fernando Santos e Cristiano Ronaldo, em virtude do que se passou no Qatar, com as palavras dirigidas pelo capitão ao então selecionador ao ser substituído frente à Coreia do Sul e com a saída de Ronaldo do onze titular no onze nos jogos seguintes.
Fernando Santos começa por afirmar que não tem dúvidas de que Ronaldo é o melhor jogador do mundo.
"É o melhor jogador de sempre. Para mim é o melhor, e eu sempre disse isso enquanto Selecionador Nacional, apesar de muita gente não concordar comigo. Pode gostar-se mais do estilo, ou menos do estilo. Os génios não têm comparação. Mas para além da grande qualidade, os números falam por ele. Quem é que tem, individual e coletivamente, mais recordes, mais golos, mais internacionalizações? Ganhou em Espanha, ganhou em Inglaterra, ganhou em Itália, ganhou pela Seleção, tem dois troféus de Seleção. Ganhou tudo e mais alguma coisa", afirma o antigo selecionador nacional na referida entrevista, antes de abordar, então, o sucedido no último Campeonato do Mundo.
"Eu tomei uma decisão que foi estratégica no Qatar. Acabei de dizer que ele é o melhor do Mundo. E é. Mas teve um momento da carreira que foi muito difícil. No segundo semestre de 2022 ele tem seis meses que são terríveis. Mesmo no aspeto anímico. Começa logo naquela infelicidade que se abateu sobre a sua casa e sobre a sua família, que nenhum de nós quererá passar. Esse momento mexeu muito com ele. Depois é a parte desportiva. O Cristiano não fez pré-época. Esteve dois meses sem treinar. Voltou ao Manchester United, mas praticamente não foi utilizado. Se me perguntar se o Cristiano física, e individualmente, estava no top, digo-lhe que estava. Estava porque ele vai estar sempre (...). Mas em termos de ritmo do jogo, foi o pior momento dele. Ele não tinha ritmos", explica.
"Foi uma questão estratégica (...). Hoje tomava a mesma decisão! Em primeiro lugar tenho de pensar na equipa. Eu achei que estrategicamente era a melhor decisão. Eu e a minha equipa técnica, até porque não foi uma decisão leve", prossegue, antes de garantir que a saída de Ronaldo da equipa não esteve diretamente relacionada com as palavras que este lhe dirigiu ao ser substituído ante a Coreia.
"Nada! Eu já tive muitos casos desses e nunca tive problemas com ninguém. Sempre resolvi isto com os meus jogadores a conversar, como fiz com ele, como é natural. Agora, é verdade que no dia do jogo, de manhã, quando lhe fui explicar que ele não ia jogar e o porquê de não ir jogar, ele interpretou mal. Se eu percebo a reação dele? Percebo! Já referi que aquele período foi de grande ansiedade para ele, percebo a reação porque para ele é um grande amigo que o deixa fora. Mas eu não me podia orientar por aí", acrescenta, antes de falar de como está a relação entre os dois.
"Eu continuo igualzinho com ele. Da minha parte a relação é a mesma e ele continua a ser como um filho ou um irmão mais novo para mim. No dia que o telefone tocar ele sabe sempre que eu estou cá. Isso é garantido. Eu sei que isto magoa, sei que doeu muito. Mas a vida é assim", termina Fernando Santos na referida entrevista ao jornal A BOLA.
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