Lourenço Pinto, presidente da Associação de Futebol do Porto (AFP), disse à Lusa que «eventuais sanções aos clubes portugueses e selecções serão da responsabilidade da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) e não de quem vota livre e conscientemente».

O dirigente associativo portuense tem sido a face visível da contestação à direcção da FPF no processo de adequação dos estatutos ao Regime Jurídico das Federações Desportivas e confirmou que a AFP voltará a votar contra na próxima Assembleia-Geral, marcada para dia 19.

«A filosofia da AFP não se altera por pressão ou através de intoxicação noticiosa baseada na mentira», disse Lourenço Pinto, justificando:

«As hipotéticas sanções da FIFA às selecções e da UEFA aos clubes não passam de um ‘fait-diver’ baseado na mentira, pois tem sido sonegada informação completa e imparcial por parte da FPF a essas instituições.»

Para Lourenço Pinto, em caso de novo chumbo dos estatutos, a «obrigação do presidente da Federação será apresentar na FIFA e UEFA, como já o devia ter feito, a sua repulsa pela ingerência abusiva do Governo na constituição da Assembleia Geral de uma instituição de direito privado, conforme já o fez em reunião da Conselho Nacional de Desporto».

O dirigente da maior associação distrital de futebol, e por isso com mais votos segundo os actuais estatutos, aponta o dedo ao processo desde o início:

«Se essa questão tivesse sido abordada de forma limpa e imparcial, a FIFA e a UEFA, a exemplo do que aconteceu já noutros países, não permitiriam que o Governo português quisesse criar tamanha anomalia jurídica a nível interno e do desporto internacional.»

Lourenço Pinto continua a não acreditar que as instâncias internacionais sancionem as selecções e os clubes portugueses.

«Mas se isso vier a acontecer – insisto, não acredito, por falta de base legal –, essas sanções assentam e têm como fundamento a ingerência do Estado português de desporto federativo», sublinhou.

Ainda sobre os eventuais prejuízos financeiros que afectariam os clubes, o presidente da AFP considera que, «se houver sanções e se os clubes tiverem que ser ressarcidos por danos materiais e morais, então terão de agir em tribunal contra o Estado, por ingerência nos estatutos da instituição, e contra a FPF por não ter denunciado essa ingerência».

«Os cidadãos portugueses ainda têm liberdade de expressão e de consciência», reforça o líder associativo, sustentando que «a AFP ou qualquer outro associado da FPF é livre de votar de acordo com a sua consciência e sem estar sob chantagem na Assembleia-Geral».

E usa da ironia:

«Ou por votar de modo livre, em consciência, na defesa dos interesses associativos e do futebol português acha-se mal, enquanto votar-se opressivamente, através de mentiras falaciosas, a favor do que ilegalmente o Estado quer, prova que são boas pessoas?.»