Carlos Queiroz assumiu que o despedimento do cargo de seleccionador nacional, na semana passada, foi uma surpresa. "Sinceramente não esperava o despedimento, porque não era essa a posição do Presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF)", disse o ex-treinador da Selecção Nacional em entrevista à RTP 1.

O ex-seleccionador criticou o ambiente de "linchamento" criado à sua volta e apontou baterias ao Secretário de Estado do Desporto, Laurentino Dias. "Vale a pena diferenciar opinião pública de opinião publicada... Os fundamentos da decisão da direcção foi a morte anunciada pelo Secretário de Estado. Depois seguiu-se um linchamento público que não tive oportunidade de me defender", disse .

"No dia 14 de Julho, a direcção da FPF deu um voto de confiança ao seleccionador. Acho que o presidente da FPF delineou uma estratégia e foi traído por Amândio de Carvalho", vincou, de seguida, Queiroz, centrando também as suas críticas no vice-presidente da FPF.

Questionado sobre a relação com os jogadores, Carlos Queiroz desmentiu o alegado mau ambiente e desvalorizou a ausência de declarações de solidariedade neste período. "Os jogadores não devem, em nenhuma circunstância, pronunciar-se sobre estas situações", afirmou o treinador, abordando ainda as palavras de Deco e Ronaldo na despedida do Mundial 2010 e que levantaram polémica: "As imputações devem ser feitas aos próprios jogadores. São afirmações que não traduzem necessariamente mau relacionamento. O ambiente foi excelente no Campeonato do Mundo."

"Passados estes dois meses, os jogadores, como eu, dizem que se era esta a decisão a tomar, devia ter sido tomada antes", reiterou.

Sobre Laurentino Dias, o ex-seleccionador reagiu às mais recentes palavras do governante, que considerou o caso Queiroz "encerrado". "O Carlos Queiroz foi despedido, naturalmente que para Laurentino Dias o caso está encerrado", atirou, lançando uma interrogação: "Gostava de saber porque é que [Laurentino Dias] interferiu no processo?"

O técnico português revelou ainda que recusou convites das "selecções do Japão e da Austrália" e também dos ingleses do Fulham durante a sua passagem pela selecção nacional e desejou sorte ao sucessor, bem como um aviso: "Desejo a melhor sorte. De preferência, que o sucessor seja um português, que continue a lutar pelo futebol, mas se aceitar, ele pode cair na minha situação."