Carlos Queiroz expôs esta noite em entrevista à RTP1 o que considera serem falhas processuais no caso com a ADoP, que veio a culminar com a sua demissão do cargo de seleccionador nacional.
"Todo o processo foi feito sem ouvir o Carlos Queiroz e é a partir daí que surgem várias opiniões que levam ao processo disciplinar", começou por referir Carlos Queiroz. Todavia, o ex-seleccionador foi mais longe no discurso: "O inquérito oficial começou no dia 2 de Julho e não estava a decorrer, como foi dito. O dr. Luís Horta [presidente da Autoridade de Antidopagem] pede relatórios suplementares a 18 de Julho, que foram datados de 16 de Maio. Nunca até ao dia 2 de Julho se ouviu a palavra 'perturbação'."
"Houve uma instrumentalização. Isto não são ataques ao Secretário de Estado, são constatações. Não tenho dúvidas de que [Laurentino Dias] queria o meu despedimento", acusou o treinador português, sublinhando: "O que se passou foi um linchamento sumário, feito pelo Secretário de Estado."
O ex-seleccionador nacional voltou a admitir as alegadas ofensas aos elementos da ADoP no controlo efectuado durante o estágio da Covilhã, antes do Mundial 2010, frisando que o fez "na defesa dos interesses da selecção". "Tentei que prevalecesse o bom senso e não perturbassem o repouso dos jogadores e esperassem", justificou.
Sobre o desfecho do imbróglio jurídico em que está envolvido, Carlos Queiroz fez uma revelação. "Hoje mesmo entrou no Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) o pedido suspensivo dessa decisão [castigo de seis meses da ADoP]. Só depois dela é que podemos dizer se estou castigado ou não. Eu não estou suspenso seis meses".
Confessando que deu a sua "opinião" na convocatória para os jogos com Chipre e Noruega, onde já estava suspenso, o técnico insurgiu-se pela forma como foi tratado. "Não só estava suspenso como parecia que tinha lepra e não me podia aproximar das pessoas."
Por outro lado, Queiroz assumiu que Gilberto Madaíl era contra a sua saída, divergindo dos restantes elementos da direcção. "Tinha um contrato de quatro anos e a minha posição foi sempre de total disponibilidade perante o presidente. Ele próprio lamentou quando me ligou a comunicar a decisão. Disse que não gostaria que este fosse o desfecho".
Depois da sua demissão, Queiroz reconheceu que não vai abdicar do dinheiro relativo ao resto do contrato, apesar da alegação de justa causa no despedimento da FPF. "Fui manchado na minha reputação, na minha dignidade e na minha honra. Todos os enxovalhos e todas as mentiras... eu não vou abrir mão. Terão de ser os advogados a decidir as consequências dessa decisão", concluiu.
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