O castigo de um jogo à porta fechada ao AC Milan e as acusações de racismo por cânticos anti-napolitanos entoados pelos seus adeptos na partida com o Nápoles, suscitaram hoje reação enérgica por parte dos clubes italianos em geral.

Alguns deles reivindicam mesmo o direito dos seus adeptos terem reações infantis e de serem mal-educados.

Oficialmente, de acordo com um comunicado da Liga italiana de futebol, hoje divulgado, o AC Milan não foi punido por racismo, mas sim por «discriminação territorial» por parte dos adeptos milaneses, durante a partida frente à Juventus de Turim no domingo. Esta noção jurídica foi muito contestada por vários quadrantes do futebol transalpino.

«Se eu disser o que penso sobre este conceito de discriminação territorial serei punido», alegou o administrador delegado do AC Milan, Adriano Galliani.

A noção de discriminação social decorre da rivalidade profunda entre o Norte e o Sul de Itália e das rivalidades regionais de todos os géneros. Um dos derbies mais fervorosos de Itália opõe o Pisa ao Livorno, dois clubes de cidades da Toscana que distam apenas alguns quilómetros, e quando se defrontam são comuns os insultos entre os adeptos dos dois clubes, que esta época não alinham no mesmo escalão.

Galliani insurge-se perante este novo conceito: «A discriminação territorial não existe em Itália. A UEFA fala em discriminação racial, mas a outra [discriminação territorial], francamente, fomos nós que a inventámos».

O AC Milan irá defrontar, em San Siro, a Udinese, na oitava jornada da Liga, sem espetadores, por força do castigo que lhe foi aplicado por cânticos anti-napolitanos entoados pelos seus adeptos ultras durante a partida com a Juventus.