Com 28 pontos (mais três do que o segundo classificado, o FC Porto, e mais seis do que o terceiro, o Vitória de Guimarães), os juniores dos "estudantes" têm tido, até ao momento, um percurso quase cem por cento vitorioso (nove vitórias, um empate e uma derrota), apenas interrompido no sábado passado com uma derrota por 2-4, frente ao Vitória de Guimarães, cenário que não acontecia há nove meses.

O regresso de uma Académica que luta pelos primeiros lugares deu-se na equipa júnior, consequência de uma política de formação de plantel criteriosa. E abastecer-se com os excedentes dos grandes parece ser a tónica.

Do Sporting vieram quatro jogadores (Ricardo Alves, Bruno Silva, Tiago Cerveira e Sérgio Duarte), do Benfica, dois (Delfim e Pedro Ferreira) e do FC Porto, um (João Costa), todos eles a título definitivo na instituição.

"O segredo do sucesso está na qualidade dos jogadores que soubemos escolher. Há também uma linha de continuidade, com oito que vêm da época passada e sete dos juvenis. A união do grupo, a sua entrega e dedicação aos treinos e o apoio da direcção são outros factores", disse à Agência Lusa o treinador Vaz Pinto, após o primeiro treino da semana num dos campos sintéticos da Academia Dolce Vita.

A qualidade da equipa não passou despercebida aos seleccionadores nacionais. Hélio Sousa já convocou, por duas vezes, o médio Sérgio Duarte aos sub-18, enquanto Ilídio Vale chamou o capitão Grilo aos sub-19. Na época passada, foram cinco os elementos convocados para representarem as selecções nacionais: Diogo Ribeiro, Guerra, Zé Francisco, Bruno Silva e Flávio Ferreira.

O objectivo traçado no início desta época pelo jovem técnico era "melhorar o quarto lugar da época passada e, se possível, chegar ao fim do campeonato nos dois primeiros lugares".

No sábado, os "estudantes" vão ter pela frente um adversário de respeito - o segundo classificado, o FC Porto, no Olival - mas não vacilam. "Vamos com a ambição de vencer. Vamos jogar o jogo pelo jogo e procurar a vitória", assegurou o treinador.

Com 35 anos, licenciado em Educação Física e treinador de nível II, Vaz Pinto defende outro modelo de competição, que apure para a fase final quatro conjuntos da Zona Norte e dois da Sul. "Este modelo privilegia os chamados grandes. Não beneficia a competição, afunila-a. Felizmente que para o ano haverá duas séries de 12 equipas, passando quatro de cada série à fase final", opinou.

Defende ainda a formação e a aposta no jogador lusitano. "Há poucas oportunidades no futebol português para o jogador formado em Portugal. Na Académica, a prioridade é a aposta na formação", concluiu o jovem timoneiro, justificando as reuniões regulares entre os técnicos dos diferentes escalões de formação do clube.

Em plano de destaque têm estado dois jogadores: Diogo Ribeiro, o melhor marcador da equipa, com 11 golos, e o capitão Grilo, chamado este ano, por duas vezes, à selecção sub-19.

"Os golos só nascem porque a equipa está a fazer um grande trabalho neste campeonato e eu só consigo marcar graças a isso. Temos trabalhado muito o espírito de grupo. Temos uma ambição sem limites. A Académica nada tem a perder neste campeonato. Queremos fazer o máximo possível. Sabemos que temos muita qualidade para chegar longe", afirmou Diogo Ribeiro.

"O sucesso pertence a todos. Se não fosse o esforço de toda a gente, não estávamos no lugar em que estamos. Apesar da derrota, a que não estávamos habituados, o grupo continua forte para no sábado conquistarmos os três pontos. Fui chamado à selecção, graças aos meus companheiros, porque as individualidades só vêm ao de cima quando todos remam para o mesmo lado", concluiu o capitão Grilo.