O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), Luciano Gonçalves, disse hoje que a greve aos jogos da Taça da Liga é para avançar, a menos que os clubes mudem radicalmente a sua postura.
"Claramente que é um aviso sério à navegação. É assumido. Não estamos a fazer ameaça. Isto é concreto", sublinhou, em declarações à agência Lusa.
A APAF anunciou hoje a indisponibilidade de os juízes do principal escalão dirigirem jogos da Taça da Liga nos meses de novembro e dezembro, devido à contestação ao setor.
"Não faz sentido estarmos constantemente a pôr em causa a seriedade dos árbitros. Criticar a arbitragem e os erros faz parte. Por em causa a seriedade e honorabilidade, quando temos locais próprios para analisar se é verdade ou não. Não faz sentido esse constante tipo de descrédito", criticou, abrangendo os diversos agentes desportivos, incluindo os comentadores de futebol.
De acordo com o sítio oficial da LPFP, estão previstos nove jogos da terceira fase da Taça da Liga para 28 e 29 de novembro e cinco para 21 de dezembro.
O dirigente lamenta um tratamento geral diferenciado, pela negativa, aos árbitros: "Temos um jogador ou jovem guarda-redes que comete um erro e recebe, e bem, elogios de talento, que é jovem promessa e tal. Quando acontece com um árbitro, é um futuro corrupto. Este tipo de mentalidade é que tem de mudar."
"Acredito muito no jovem jogador português, no jovem treinador, na jovem arbitragem e nos dirigentes. Se quiserem parar com isto, eles param. Não tenho dúvidas disso. (O que é preciso para travar a greve?) É preciso, acima de tudo, que os clubes efetivamente queiram que isto pare. Que deem sinal de respeito pelos árbitros", sublinhou.
Luciano Gonçalves espera "sinais concretos" dos clubes e dirigentes, desejando "comprometimento" de todos em "tentar mudar a mentalidade e falta de cultura desportiva", que entende existirem em Portugal.
"Sim, claro que (os árbitros) estão (unidos). Isto mexe com muita coisa. Mexe com a tranquilidade dos árbitros, das famílias. Mexe com tudo. O que estamos a falar não é estar a por em causa erros ou não erros, mas pormos constantemente em causa a seriedade dos árbitros. Que as suas ações são premeditadas. É disto que estamos a falar", reforçou.
Luciano Gonçalves atira agora a bola para o Conselho de Arbitragem da federação quanto ao facto de as referidas jornadas da Taça da Liga não terem árbitros disponíveis para as dirigir.
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