Céu cinzento, tempo de inverno, ou não estivéssemos em janeiro. Chuva miudinha, daquela chata, que molha devagarinho, mas não desmobiliza. A duas horas do início do segundo dérbi da época entre Benfica e Sporting, imperava o convívio saudável entre adeptos das duas cores, tempo para encher a barriga, e matar a sede, antes do jogo onde estava em causa um título.

No meio da chuva e penumbra do estádio ladeado pelo Castelo de Leiria descobrimos um grupo dividido salomonicamente entre sportinguistas e benfiquistas. Problemas entre eles? Nem vê-los, apesar da rivalidade. "Eu acho que entre amigos o objetivo é estarmos todos bem", começou por nos dizer David, um dos integrantes do quinteto.

Sendo um "o jogo é para ganhar" não teve dificuldades em reconhecer as dificuldades dos leões na abordagem a este dérbi, face às várias lesões que assolam a equipa.

"Ganhamos para o campeonato, é o mais importante. [Uma derrota] pode mexer com a equipa, mas temos um treinador novo, que acabou por entrar, trouxe novas dinâmicas, e face às lesões estamos mentalizados que as coisas podem não correr assim tão bem. Mas temos fé na equipa, e acho que vamos ganhar", disse, destacando o ambiente saudável entre os adeptos dos dois clubes. "Há pessoas do Benfica na área do Sporting e não há problema nenhum, está tudo a correr bem".

Já Gabriel, adepto do Benfica, acredita que uma derrota não irá colocar em causa a moral dos encarnados na luta pelo principal objetivo de época, o campeonato nacional. "Penso que não. Ainda há muito campeonato pela frente. Sporting e Benfica andam um pouco tremidos, mas ainda há muito para jogar", atirou, antes de torcer o nariz em relação ao que tem sido o trabalho de Bruno Lage nesta segunda passagem pelo Benfica. "É um treinador algo curto para as aspirações que temos", destacou, deixando ainda um apelo à direção encarnada para este mercado de transferências de janeiro: "Precisamos de um alternativa credível para o ataque e um ponta de lança confiável, o que não acontece desde que saíram o Darwin e o Gonçalo Ramos", frisou.

Um adepto, a que nos esquecemos de perguntar o nome, viu interrompida por momentos a amena cavaqueira em que se encontrava, mas não deixou de destacar o fundamental neste tipo de jogos. "Estamos bem acompanhados, de comida e de amigos. Sou aqui de Leiria. É um núcleo não do clube, mas de amigos, cheguei há pouco, mas o grupo já estava instalado desde manhã", conta-nos. Em relação ao impacto que pode ter um triunfo ou um desaire nesta competição, não alinha em euforias nem em depressões.

"O treinador é recente, vai querer ganhar aqui uma Taça, mas a derrota não abala o que sobra da temporada", destacou