Trinta anos depois de conseguir a primeira presença na final de uma grande competição nacional, o Rio Ave repete o feito, e, este ano, estará presente nas finais da Taça da Liga e da Taça de Portugal.
Se a presença no derradeiro jogo na Taça da Liga é uma novidade para os vila-condenses, a comparência na final da Taça de Portugal é um sentimento já vivido pela formação da foz do Ave, que na época 1983/84 esteve no Jamor para disputar o troféu com FC Porto.
Nessa partida, os vila-condenses, que tinham deixado pelo caminho adversários como Varzim, Estoril, ou Vitória de Guimarães, não conseguiram dobrar os "dragões" e acabaram derrotados por 4-1, com António Sousa (“bis”), Fernando Gomes e Vermelhinho a apontarem os golos portistas e N'Habola a concretizar o tento de honra do Rio Ave.
Félix Mourinho, pai de José Mourinho, era então o treinador da equipa de Vila do Conde, na qual pontificavam nomes como Duarte, Baltemar Brito, Casaca ou Alfredo.
O ex-guarda-redes confessou à agência Lusa que nessa época, o sonho de chegar à final do Jamor só tomou forma nos derradeiros jogos da competição, sustentando-se numa boa dose motivacional gerada no seio do grupo.
"Não estava nas nossas perspetivas chegar a essa final. As coisas foram acontecendo, fomos passando as eliminatórias, e só quando chegámos aos oitavos de final é que começámos a pensar que realmente era possível”, recordou Alfredo.
O antigo guarda-redes lembrou que uma das formas de união do grupo foi a iniciativa de deixarem crescer a barba até a final do Jamor. No "onze" escalonado por Félix Mourinho, apenas Casaca teve dispensa de se apresentar com o feroz ar barbudo, pois tinha-se casado recentemente.
“Na altura, foi um feito muito grande para uma equipa como o Rio Ave. Começámos a criar um objetivo, com o deixar crescer a barba, que nos deu uma força e um alento para lá chegar. Uniu-nos muito essa iniciativa", lembrou Alfredo.
Segundo o então dono da baliza, “a grande conquista foi chegar à final”: “Depois, nesse jogo, não estivemos tão concentrados, nem com aquele acreditar que nos caracterizou. Poderíamos ter feito melhor, mas acho que houve um esvaziar do balão e não fizemos uma partida condizente com o nosso nível".
Agora, Alfredo considera que o clube, a equipa, os jogadores e treinadores, "estão melhor preparados para encarar estes encontros", e não hesitou em vaticinar que "pelo menos uma das Taças o Rio Ave vai trazer para Vila do Conde".
Desafiado pela Lusa a dar uma dica aos jogadores que envergam, agora, a camisola do Rio Ave nestas finais, Alfredo respondeu de pronto.
"Acreditem. Sejam eles mesmo, porque tudo é possível no futebol. Se conseguiram chegar a duas finais, apurarem-se para Liga Europa, que façam o mesmo nestes desafios. Vão conseguir alcançar alguma coisa", perspetivou o ex-jogador do Rio Ave.