O Benfica tem de jogar de maneira astuta para inverter a desvantagem tangencial face ao Sporting, na terça-feira, em jogo da segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal, antecipa o ex-futebolista e treinador Álvaro Magalhães.

“O Benfica tem de ser igual a si próprio, e jogar como uma equipa agressiva, determinada e ambiciosa. A ambição natural é ganhar todos os jogos, mas é preciso muita inteligência para competir em função desse objetivo principal. Os jogadores sabem disso, porque têm bastante experiência, já estão habituados a estes dérbis e vão encarar um adversário de muito respeito”, vincou à agência Lusa o ex-defesa dos ‘encarnados’, entre 1981 e 1990.

Benfica, recordista de conquistas, com 26, e Sporting, terceiro mais titulado, com 17, vão discutir o acesso à final da Taça de Portugal, esta terça-feira, às 20h45, no Estádio da Luz, em Lisboa, praticamente um mês depois do êxito tangencial ‘leonino’ em Alvalade (2-1).

“O Benfica terá de apostar tudo. Joga em casa e estará presente um ‘inferno’ da Luz para apoiar e levar a equipa à vitória, mas é preciso ter imensas cautelas. O Sporting também está bem preparado para essa pressão de ganhar, que vem de fora e é saudável”, disse o ex-técnico adjunto dos ‘encarnados’.

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Álvaro Magalhães, de 63 anos, acredita que as ‘águias’ tenham voltado da recente pausa para os embates das seleções nacionais com “mais vontade de ganhar”, numa altura em que competem em três frentes e disputarão “dois dérbis fundamentais” em cinco dias, o último dos quais para a 28.ª jornada do campeonato, em Alvalade, frente ao líder isolado.

"O Benfica joga sempre para ganhar e tem feito um campeonato bastante regular. Houve momentos menos bons e exibições menos bem conseguidas, mas está nas provas todas e não há que apontar nada. Agora, vai ter um calendário muito difícil. Muitas vezes, quem está menos bem ganha nos dérbis. Neste momento, as duas equipas estão de igual para igual. O Sporting comanda a I Liga, mas o Benfica está a um ponto de diferença e tem a obrigação de estar moralizado para encarar estes desafios com tranquilidade”, observou.

Esse panorama é semelhante à transição de fevereiro para março, quando os campeões nacionais encararam rivais de forma seguida, com a derrota em Alvalade para a Taça de Portugal a preceder a goleada sofrida na visita ao FC Porto (5-0), da 24.ª ronda da I Liga.

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“Importa que a equipa esteja concentrada. Há um ditado bastante antigo, mas verdadeiro e atualizado, que diz que, nesta fase, é 90% de transpiração e 10% de inspiração. Muitas vezes, luta-se mais e as partidas são resolvidas pela diferença mínima em pormenores e através de individualidades que fazem a diferença. Esta semana será realmente difícil. O Benfica tinha perdido esses jogos, mas recompôs-se e levantou-se de imediato”, referiu.

Vencedor de quatro Taças de Portugal pelo emblema da Luz (1982/83, 1984/85, 1985/86 e 1986/87), Álvaro Magalhães sente que o treinador alemão Roger Schmidt soube extrair ilações dessas derrotas com Sporting e FC Porto, indiferente à contestação dos adeptos.

“As pessoas sabem que o Benfica tem um plantel bastante equilibrado. Às vezes, quando as prestações são menos bem conseguidas, as críticas surgem com facilidade. Agora, os treinadores têm de estar preparados para isso e concentrados na condução da equipa. A entrada do Florentino [no ‘onze’ inicial] deu maior consistência defensiva, tendo por perto [no meio-campo] o João Neves, que defende, ataca e ocupa espaços com uma facilidade louca. A equipa ficou mais equilibrada, permitindo a colocação de um extremo rápido no lado esquerdo, como é o David Neres, e maior liberdade ofensiva para o Rafa”, analisou.

Perante a constante alternância na posição de ponta de lança, o antigo defesa confia na titularidade do brasileiro Arthur Cabral, que “está muito moralizado e num bom momento”, sendo o terceiro melhor marcador ‘encarnado’ esta temporada, atrás de Rafa e Di María.