É a pergunta que muitos portistas fazem, após a terceira derrota seguida da época, a quinta em toda a temporada. O FC Porto caiu com estrondo na Taça de Portugal, ao perder no domingo com o Moreirense por 2-1 em Moreira de Cónegos, em mais uma exibição cinzenta, na linha do que tinha sido feito nos últimos jogos.
No final houve contestação forte dos adeptos azuis e brancos, com lenços brancos e pedidos de demissão dirigidos a Vítor Bruno. O técnico deixou de ter crédito e agora só a direção presidida por André Villas-Boas está a segura-lo. Porque pelos adeptos, já tinha ido embora.
Fotos: as melhores imagens do Moreirense-FC Porto
O Jogo: duas semanas depois, a reposta foi... igual
14 dias foi o intervalo entre a goleada dolorosa sofrida na Luz para o Benfica (4-1), algo que não se via há mais de 60 anos, e o jogo no Comendador Joaquim de Almeida Freitas. Vítor Bruno tinha prometido respostas, mas o que se viu foi mais do mesmo.
Uma equipa desligada, sem capacidade ofensiva, a jogar sob brasas, com jogadores fora das suas posições e incapazes de mostrar capacidade criativa na fase ofensiva, perante um sólido Moreirense que pouco ou nada tinha de fazer para anular os ataques dos azuis e brancos.
Desde cedo ficou patente que a noite seria difícil para Vítor Bruno. O técnico quis dar descanso a Samu, lançando assim Fran Navarro e Namaso, os dois avançados que trabalharam com a equipa em todos os treinos na pausa para os compromissos das seleções. Voltou a recambiar Fábio Vieira para a esquerda, retirando-o das zonas de influência, ao meio, onde é mais produtivo.
O enganador golo de Pepê aos 35 minutos foi rapidamente corrigido com o empate de Asué, a cruzamento de Frimpong, em mais um golo sofrido na área, zona muito permeável esta época nos portistas.
Quando Alanzinho fez o 2-1, 71 minutos, a castigar uma mão na bola do desastrado Francisco Moura, o Dragão sentiu a sua sentença: a Taça já era.
A leitura de Vítor Bruno foi povoar a frente de ataque com muitos homens de cariz ofensiva, mas a verdade é que a equipa nunca mostrou capacidade de criar. Em termos de perigo de futebol jogado, destaque apenas para dois lances de Namaso: logo aos três minutos, num remate em arco que Caio Secco defendeu para canto com uma palmada, e numa arrancada aos 56 minutos, onde foi egoísta e não passou a Fábio Vieira, numa situação de três contra dois.
O resto do ataque do FC Porto foram cruzamentos e mais cruzamentos, quase todos mal feitos, para a área dos cónegos, muitas perdas de bola, más decisões, passes errados. A equipa joga sob pressão, com medo de errar e, quando assim é, fica mais difícil conseguir algo.
Se André Villas-Boas ignorar a maior parte dos adeptos e decidir manter o treinador, Vítor Bruno terá de apresentar algo diferente, que possa indicar um outro caminho para a época portista. A insistência em jogadores cujos erros têm custado caro à equipa - Alan Varela, Francisco Moura - a fraca capacidade da equipa em responder quando pressionada e a falta de capacidade ofensiva na criação são situações que o técnico precisa de mudar, antes que seja ele a ser mudado de lugar.
Fica o fim da invencibilidade na Taça de Portugal que durou 22 jogos (três conquistas seguidas) e a terceira derrota seguida, sempre fora de casa, algo que não se via desde 2008/09 (Dínamo Kyiv e Leixões em casa e Naval fora de portas). Se perder na próxima 5.ª feira na Bélgica diante do Anderlecht na Liga Europa, o FC Porto igualará o seu pior registo de sempre (em 1964/65 teve quatro derrotas seguidas). Aí será impossível amparar Vítor Bruno.
Momento do jogo: Mais um erro de Francisco Moura e adeus Taça
O Moreirense tinha voltado do intervalo disposto a aproveitar fragilidade mental dos azuis e brancos, principalmente pelo lado esquerdo. Francisco Moura estava a ter uma noite difícil, principalmente a nível ofensivo, e pior ficou quando meteu mão na bola em jogada na área portista com Madson. Tiago Martins assinalou de pronto (não houve VAR na 4.ª ronda da Taça), Alanzinho não tremeu e mandou o Dragão para casa.
Os Melhores: Asué comandou a reviravolta
Luís Asué empatou num belo golpe de cabeça no primeiro tempo e, antes de sair, estava a ser o elemento mais perigoso no ataque dos cónegos. Já tinha feito uns quantos remates que colocaram à prova Cláudio Ramos. Madson, que ganhou o penálti do 2-1 deu muitas dores de cabeça a Francisco Moura
Em noite 'não': Francisco Moura precisa de banco
Francisco Moura não acertou nenhum cruzamento (o vento não ajudou), perdeu muitos duelos com Madson, teve dificuldades em combinar com os colegas na frente e terminou a noite a fazer a grande penalidade que ditou a derrota. Com Zaidu já pronto, precisa de descansar e repensar as suas opções.
A incapacidade do FC Porto nos jogos fora de portas também é algo que inquieta os adeptos. Em nove jogos, cinco derrotas (Sporting, Bodo/Glimt, Benfica, Lázio e Moreirense), sendo que encaixou 13 golos nesses cinco desaires.
Reações: entre a justiça e a responsabilidade
- César Peixoto diz que vitória foi justa, Alanzinho sonha com o Jamor
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