O Beira-Mar homenageou hoje o plantel envolvido na inédita conquista da Taça de Portugal de futebol, em 1998/99, celebrando o 25.º aniversário da vitória frente ao Campomaiorense (1-0), na última das seis finais da prova sem ‘grandes’.

“É a nossa maior conquista a nível de prestígio e mediatismo e ficou assinalada por uma mobilização sem precedentes na história do clube. Numa altura em que o Beira-Mar está na quarta divisão do futebol nacional, quisemos evocar esta data, tentando com que haja um mote inspiracional para um futuro que desejamos que seja auspicioso. Além de voltar aos grandes palcos, queremos mostrar a força, o prestígio e a história deste emblema às gerações mais jovens”, observou à agência Lusa o presidente Nuno Quintaneiro Martins.

Jogadores, equipa técnica e outros funcionários daquela época juntaram-se no complexo de campos de treino do Estádio Municipal de Aveiro para celebrarem a efeméride, numa manhã iniciada com uma partida comemorativa perante uma equipa formada por antigas glórias do Beira-Mar, 13.º clube com mais presenças na I Liga (27), a última em 2012/13.

“Vieram praticamente todos. Estes jogadores fazem parte de uma fase em que os clubes conseguiam mantê-los por vários anos, algo que permitia marcar gerações de adeptos e fortalecer laços afetivos. Em Aveiro, toda a gente ainda se lembra destes nomes”, notou.

Ao intervalo, a recém-eleita direção de Nuno Quintaneiro Martins honrou simbolicamente com medalhas todos os elementos da versão 1998/99 do Beira-Mar, que tinham entrado em campo com direito a ‘guarda de honra’, perante uma réplica do troféu erguido na final da 59.ª edição da Taça de Portugal, em junho de 1999, no Estádio Nacional, em Oeiras.

“Convívios como este são muito nostálgicos, porque nos fazem ter saudades daquilo que vivíamos antes e, sobretudo, pela ocasião. Falo por mim e também um bocado por todos nós: o momento mais importante das nossas vidas como jogadores foi vencer esta Taça pelo Beira-Mar. É uma alegria estar cá. É um orgulho reviver isto e perceber que o nosso nome perdurou na história deste grande clube”, frisou à Lusa o ex-médio Ricardo Sousa.

Autor do único golo frente ao Campomaiorense, ao minuto 70, o atual treinador eternizou uma equipa curiosamente orientada pelo seu pai, António Sousa, e composta por figuras como Jerôme Palatsi, Jorge Neves, Caetano, Lobão, Gila, Fary Faye ou o capitão Fusco.

“É inesquecível e é sempre um prazer quando as memórias vão aparecendo através das redes sociais ou quando, muitas vezes, sou parado em Aveiro por pessoas que ainda se lembram desse momento. Eu marquei, mas o golo foi de um grupo de trabalho e de uma cidade e a vitória foi de todos. Depois de tudo o que vivemos nessa época, só um plantel psicologicamente muito forte é que conseguiria dar a vitória aos aveirenses”, enquadrou.

O Beira-Mar terminou reduzido a nove unidades, devido às expulsões com duplo cartão amarelo de Caetano e Jorge Neves - o brasileiro Renê deixou o Campomaiorense com 10 já nos descontos -, mas conquistou o troféu e diluiu a dor da recente descida à II Liga.

“Tivemos de gerir esse infortúnio e uma complicada espera de três semanas entre o final da I Liga e o jogo no Jamor. Procurámos dar um pouco de descanso aos jogadores, para que se libertassem e esquecessem esse drama que lhes tinha acontecido, e fomos com alma e um espírito de grupo enorme. O clube já estava marcado no meu coração. Não foi preciso ganhar a Taça. Aveiro e o Beira-Mar fazem parte da minha vida”, lembrou à Lusa António Sousa, ex-jogador ‘aurinegro’ e recordista de encontros como treinador do clube.

Com mais de três décadas de ligação ao futebol, o antigo médio internacional português, de 67 anos, já tinha perdido uma decisão da Taça de Portugal como médio do Beira-Mar frente ao FC Porto (1-3, após prolongamento), em 1991/92, após ter alcançado duas com os ‘dragões’ (1983/84 e 1987/88), pelos quais se sagrou campeão europeu, em 1986/87.

“Foi uma viagem normal. Tivemos a felicidade de afastar cada opositor e acho que fomos os mais fortes nessa campanha de 1998/99. Foi um feito memorável, que dá certamente uma enorme alegria a um conjunto de pessoas que vieram cá recordá-lo. Espero que isto sirva de exemplo e até de chama para o próprio clube em relação ao seu futuro”, indicou.

A homenagem foi assistida por dezenas de sócios e adeptos e antecedeu um almoço em formato de tertúlia com os ‘heróis’ do ponto mais alto da história do centenário Beira-Mar, que fechou a última época no nono lugar da Série B do Campeonato de Portugal, quarto escalão luso, com 34 pontos, um sobre o Florgrade, primeiro despromovido aos distritais.