Godinho Lopes garantiu que o Sporting não tem qualquer envolvimento no caso Cardinal e diz-se completamente convencido da inocência do vice-presidente Paulo Cristóvão, que foi constituído arguido no âmbito do processo de inquérito instaurado pelo Ministério Público.

«Depositamos confiança em Paulo Cristóvão e acreditamos na sua inocência. É um companheiro que nos seguiu durante todos estes meses no Sporting, que ajudou imenso em variadíssimas frentes com resultados visíveis, e que merece todo o nosso respeito», disse Godinho Lopes, numa entrevista à agência Lusa, sobre o caso que está a abalar o futebol português.

O presidente "leonino" enfatizou o facto de Paulo Cristóvão ser «apenas arguido», o que significa que «irá ser julgado, se entretanto o processo não for arquivado, e que só depois do julgamento haverá uma decisão do tribunal», que promete respeitar, seja ela qual for.

De resto, Godinho Lopes esclareceu que o Sporting entende, de forma veemente, que «a justiça deve ir até ao fim» e assumiu que foi ele próprio a desencadear o processo, ao receber uma carta anónima, que entregou ao presidente da FPF, Fernando Gomes.

«Entregaram um envelope no pavilhão multi-desportivo que me era endereçado e que, após a sua abertura, se verificou que tinha uma carta e um talão de depósito bancário, elementos que entreguei de imediato ao doutor Fernando Gomes», contou Godinho Lopes, esclarecendo que ambos «concordaram de imediato que o documento teria de ser entregue, por um deles, para ser analisado pela Polícia Judiciária (PJ)», o que viria a ser feito pelo presidente federativo, que assumiu essa iniciativa.

Godinho Lopes repisou, salientando que falava «em nome não apenas do Conselho Diretivo, mas de todos os órgãos sociais», que o Sporting «está completamente de acordo de que tudo seja escalpelizado e levado até ao fim», de modo a que «o seu nome, que nunca foi manchado nem esteve alguma vez envolvido em casos de arbitragem, seja limpo».

Em relação à decisão de Paulo Cristóvão suspender o mandato, o dirigente fez a defesa da atitude do colega de direção: «O Paulo entendeu que não deveria pôr em causa o bom nome do Sporting e suspendeu o mandato, o que não significa qualquer assunção de culpa, pelo contrário. E fê-lo para que as averiguações prossigam com toda a tranquilidade e não se misture o nome do Sporting. É um grande sportinguista, já o demonstrou em diversas frentes que se preocupa exclusivamente com o clube e não quer ver o seu nome manchado».

Confrontado com a evidência de que este ficou, inevitavelmente manchado, Godinho Lopes discorda, por entender que o Sporting e a SAD «não têm rigorosamente nada a ver com o processo» em causa, apesar de um vice-presidente ter sido constituído arguido, o que, em seu entender, «não significa que seja culpado» e que o processo deve seguir os seus trâmites no âmbito do segredo de justiça até se determinar que vai ou não a julgamento.

Rejeitou, também, que este processo esteja a causar danos à imagem do Sporting, alegando que tudo depende da forma como for utilizado em termos públicos, na medida em que Paulo Cristóvão «é pessoa que merece total confiança» e acredita que este «vai ser inocentado», disponibilizando-se «a prestar todos os esclarecimentos» às autoridades competentes «no momento que entenderem oportuno».

Colocado perante a divulgação pública hoje feita do nome do funcionário [Rui Martins] da empresa de Paulo Cristóvão, como autor do depósito de 2.000 euros na conta do árbitro assistente José Cardinal, reagiu de imediato.

«Como é que sabe? É o que dizem as notícias… Não vou falar de um caso que está em segredo de justiça. Devo defender a imagem do Sporting, estou aqui para servir o clube e completamente à vontade e tranquilo nessa matéria. Acho que devo falar no sítio certo», comentou o presidente "leonino".
Questionado se a empresa Primuslex, pertencente a Paulo Cristóvão e para a qual trabalha o referido funcionário autor do depósito de 2 mil euros na conta de José Cardinal, presta serviços ao Sporting, Godinho Lopes não confirmou: «O clube tem uma empresa que avalia os seus colaboradores e que nada tem a ver com Paulo Cristóvão».

Já relativamente à sua ausência em Alvalade, no momento em que a PJ procedia às investigações, Godinho Lopes alegou «não saber» que os agentes ali se iam deslocar, caso contrário «estaria lá para os receber», assegurando que «se tivesse alguma coisa a esconder teria vindo a correr e ido à sua secretária retirar documentos».

Contou «ter estado nessa manhã numa reunião, uma das muitas ao serviço do Sporting, com investidores», que «estava completamente tranquilo» e que deu instruções para «serem prestados todos os esclarecimentos aos agentes da PJ».

Quanto a eventuais consequências a nível da justiça desportiva para o Sporting por causa deste processo, Godinho Lopes rejeitou-as com veemência, na medida em que, por um lado, o clube e a SAD «nada têm a ver» com o caso, e, por outro, sustentou que «a presunção de inocência deve prevalecer em relação a Paulo Cristóvão».