O Montalegre é liderado pelo presidente Paulo Viage e o treinador José Manuel Viage, irmãos que trabalham juntos há sete épocas e, após terem recolocado o clube nos nacionais, sonham eliminar o Benfica na Taça de Portugal de futebol.
O presidente do emblema de Trás-os-Montes assume a receção aos ‘encarnados' para os oitavos de final da ‘prova rainha’ do futebol português como "o momento mais alto do clube" e "um motivo de orgulho", mas garante ambição para o encontro que se realiza em 19 de dezembro, às 20:45, no Estádio Municipal Dr. Diogo Vaz Pereira, em Montalegre.
"É muito importante jogar em casa, diante os nossos adeptos e no nosso estádio. Sabemos que o adversário é o Benfica, mas no futebol tudo pode acontecer e vamos agarrar-nos às poucas hipóteses que temos para continuarmos a fazer história", assegura Paulo Viage.
Também o treinador do Montalegre, que ocupa o nono lugar da Série A do Campeonato de Portugal, equivalente ao terceiro escalão, assume a vontade do grupo em "desafiar uma das maiores equipas de Portugal e da Europa".
Lembrando que o jogo começa com o resultado de 0-0, onze contra onze e "com as mesmas leis da física", José Manuel Viage, de 47 anos, não quer desperdiçar a oportunidade de "demonstrar o valor do plantel e tentar fazer algo de extraordinário".
A parceria entre os irmãos naturais da vila transmontana dura há sete temporadas consecutivas e já teve outros pontos altos, como a conquista do campeonato distrital da Associação de Futebol de Vila Real, na temporada 2015/2016, que permitiu ao Montalegre regressar aos nacionais de futebol.
"As últimas épocas têm sido muito boas. Após a subida já vamos na terceira manutenção consecutiva no Campeonato de Portugal e gostaríamos até de dar um passo em frente e chegar aos campeonatos profissionais", confessa Paulo Viage.
À frente dos destinos do Montalegre há dez anos, depois de ter sido também jogador e diretor, o dirigente, de 38 anos, não esconde a vontade de ‘atacar' uma subida de divisão, mas reconhece a necessidade de "mudar muitas coisas".
Paulo Viage explica que ao longo dos anos o objetivo tem sido "tornar o clube mais profissional, para no futuro ter condições de lutar pela subida à II Liga".
A relação familiar entre presidente e treinador não tem sido um entrave ao sucesso do clube do Alto Tâmega, pois "a separação de poderes tem funcionado bem".
"Cada um tem a sua função e sabemos conviver com isso. Fora do futebol temos uma boa relação, de irmãos, e quando estamos fora do estádio evitamos abordar o tema futebol, até porque no dia-a-dia do clube já temos muitas dores de cabeça", explica Paulo Viage.
O técnico, após uma primeira passagem como técnico do Montalegre, onde alcançou a subida à antiga terceira divisão nacional, decidiu parar de treinar durante duas épocas, e, quando recebeu o convite para regressar à equipa da sua terra, já encontrou o irmão como presidente.
"Recebi o convite do meu irmão e de alguns amigos da direção, fiz uma reflexão e aceitei regressar e até ao momento as coisas têm corrido bem", analisa.
A ambição enquanto treinador e a carreira sempre ligada ao futebol têm tornado a ligação e convivência "muito fácil".
"Sei distinguir bem as funções e ligações familiares, pois eu e toda a equipa técnica lidamos com tudo o que envolve o plantel e o futebol e a direção trata de gerir o clube", garante José Manuel Viage, que enquanto jogador chegou ao escalão máximo, quando representou o Desportivo de Chaves em 1992/1993, com Henrique Calisto como treinador.
A receção ao Benfica é encarada por José Manuel Viage como "uma oportunidade" para todo o plantel, incluindo o próprio treinador, que tem a "ambição, sonho e objetivo" de chegar à I Liga.
"Sou muito ambicioso em tudo o que faço, já tenho o terceiro nível de treinador de futebol, vou frequentar o quarto nível e todos os elementos da equipa técnica têm a mesma ambição de progredir na carreira", realça.
A única equipa do Campeonato de Portugal ainda em prova na Taça de Portugal pretende ainda "mostrar que a competição tem muitos valores escondidos e com qualidade suficiente para estarem num patamar superior".
O Estádio Municipal Dr. Diogo Vaz Pereira, em Montalegre, está a receber um conjunto de obras promovidas pela autarquia local, nomeadamente a substituição parcial do relvado e a instalação de bancadas temporárias que vão triplicar a capacidade para seis mil espetadores, de forma a receber o encontro com o Benfica.
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