Jorge Jesus, técnico do Benfica, fez esta tarde a antevisão ao encontro da 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, frente ao Paredes. O técnico revelou que vai convocar vários jovens da formação encarnada para a partida de amanhã.
O jogo: "Esta eliminatória da Taça de Portugal, que é um troféu pelo qual tenho muito carinho, é tanto para as grandes equipas como para as que não são tão grandes (...) a festa do futebol português, hoje infelizmente não tanto por causa da COVID-19, que impede que as pessoas possam assistir aos jogos. Nós vamos com a nossa responsabilidade, independentemente do Paredes ser uma equipa de um escalão inferior, que está a fazer um bom campeonato, tem um treinador que já está há cinco anos com a equipa, tem pretensões a subir de escalão. Sabemos que a Taça de Portugal nos traz muitas surpresas e nós estamos preparados para ela, com um respeito muito grande pelo nosso adversário. Só não digo que vai ser uma festa do futebol porque sem adeptos não há festa. É um jogo onde queremos mostrar o nosso poder e passar a eliminatória porque é uma das provas em que temos uma responsabilidade grande, e queremos estar... não sei se é no Jamor agora"
Ausência dos jogadores internacionais: "Tenho-me habituado. Não digo que tenham estado mais tempo fora do que comigo, tiveram 11 dias [fora]. São jogadores que chegaram a conta-gotas, uns mais fatigados que outros. Vieram todos carregados e são jogadores que vou tirar do risco deste jogo"
Emoções da Taça de Portugal: "Só vou recordar isso [emoções sentidas nas finais da Taça] quando chegar à final. Ai sou capaz de me lembrar da última tristeza, da última final que tive no Jamor. Nunca mais quero lembrar-me dela como treinador, nunca mais. Não por ter perdido mas por tudo o que se passou antes. Neste momento isso não se coloca, falta muito tempo para pensar nisso"
Paulo Futre disse que William Carvalho podia resolver muitos problemas na equipa do Benfica: "O William é um jogador de Seleção, trabalhou comigo alguns anos, sei o valor dele. Ninguém tem dúvida que é um grande jogador, e como todos os grandes jogadores, eu como treinador do Benfica, gosto deles. Mas uma coisa não quer dizer a outra. Tenho muitos jogadores que nessa posição me dão a segurança necessária para não ter problema de identificar o William como um grande jogador"
Três jogos sem vencer, paragem deu para corrigir problemas: "Houve tempo mas não conseguimos trabalhar aqueles que são os problemas da equipa porque os jogadores estiveram fora, estiveram 11 dias fora e principalmente o setor defensivo e não o podemos fazer porque não estavam cá dois centrais. Passámos à frente na ordem de trabalho e não nos debruçamos sobre isso porque não tínhamos os jogadores todos para falarmos sobre o problema. Faremos no domingo, na segunda até à véspera do jogo com o Rangers"
Momento para lançar Gonçalo Ramos no onze: "O problema que se coloca nas grandes equipas é a oportunidade que os jogadores jovens possam ter, que sentimos que podem ter um futuro risonho. Isso tem o seu tempo, tem o seu momento. Hoje não é fácil gerir uma carreira de um jovem no Benfica, no Sporting, no FC Porto, nas grandes equipas em Portugal. Primeiro pensamento é dos jovens quererem jogar na equipa mãe. Segundo pensamento emigrar, sair para fora. E hoje todos, tirando algumas exceções, estes jovens da formação das grandes equipas por vários motivos não estão muito interessados em esperar o seu momento. E eu no tempo deles se calhar pensava o mesmo, porque existem aqui questões financeiras tambem. Mas respondendo diretamente à pergunta: não vai só o Gonçalo Ramos, vão nove jogadores da equipa B e dois jogadores com a idade de juniores"
Darwin e Weigl testaram positivo para a COVID-19: "Temos de saber viver com a COVID-19 em todas as profissões. Claro que as bolhas onde os jogadores estão a trabalhar é uma população controlada de 3 em 3 dias e mesmo assim surgem casos, apesar do Darwin ter regressado a Portugal já com COVID, vários jogadores do Uruguai estão contagiados. O Weigl foi detetado aqui no nosso meio, mas como as equipas de futebol, são trabalhadores como todos, são um exemplo para todas as profissões do mundo, não tenham dúvidas. São uns privilegiados, porque fazem testes de três em três dias, são constantemente analisados. O caso do Weigl foi detetado, fora. O resto continua. Enquanto não há vacina é assim que temos de fazer. Testar, isolar e prevenir, não é preciso ter uma grande ciência da COVID-19 para lidar com ele. Primeiro é testar, que é aquilo que não fazemos em Portugal, que é o que fazem as equipas de futebol. As outras profissões não têm essa capacidade, mas o ideal era que fossem todos testados. Tenho quase a certeza que vocês [jornalistas] não são testados, tenho quase a certeza que vocês, no vosso trabalho, as vossas empresas não vos testar. Vocês não sabem, se são assintomáticos ou não são, não é? Agora os jogadores de futebol sabem, são testados de 3 em 3 dias e era assim que devia de ser. Mas não há poder financeiro para isso. Mas o primeiro passo é esse, para depois isolar ou não. Ele está ai em força, não sabemos onde é que está e portanto se não testarmos como é que sabemos? Não temos receio nenhum. Eu esta semana já fui testado três vezes. Daqui a dois dias ou três posso ter e não sei de onde veio. Aqui no futebol ninguém pode ser contaminado, pode vir um mas esse vai logo isolado. Era assim que se devia de fazer em todas as empresas só que não há poder para isso"
Lucas Veríssimo: "Não vou esconder porque já disse que é um jogador que fazia parte da minha agenda. A partir daqui todo o processo burocrático e financeiro já não é comigo, é com o presidente, é com o Rui Costa, principalmente com essas duas pessoas, e com o diretor financeiro do Benfica, mas isso já não passa por mim. Esse processo em que se possa ter de dar passos à frente não sei o que vai acontecer, não sei se vou ter ou não Lucas Veríssimo, sinceramente não sei. Se me perguntarem se gostava de o ter? Gostava, não tenho dúvidas"
Saída de Tiago Pinto: "O Tiago ensinou-me a conhece-lo, quando cheguei ao Benfica não o conhecia nem pessoalmente nem profissionalmente. O tempo que vai estar aqui connosco e se calhar é por causa disso que ele vai para a Roma, porque lhe reconhecem muita capacidade. É um profissional de grande nível, é uma perda, mas faz parte do processo do que é o processo do futebol em Portugal. Todos os quadros, aqueles que demonstram alguma capacidade superior são solicitados pelos grandes clubes que financeiramente têm capacidade para levar daqui jogadores, treinadores, diretores... E isso é uma realidade do futebol português, os melhores vão ter de sair. Na nossa Seleção não jogava um [da I Liga]. Os clubes de futebol trabalham como ninguém no mundo, não tenham dúvidas, Top no mundo, são exemplos"
Internacionais de fora: "Todos os jogadores que jogaram nos últimos dias fora do Benfica, nenhum vai para o jogo. Nós trabalhámos nos últimso10 dias com os jogadores que estavam cá e achamos que estes jogadores dão-nos toda a segurança e confiança para fazer este jogo, para ter ambição e confiança de passar a eliminatória"
Equipa do Paredes: "A equipa do Paredes tem alguns jogadores mais conhecidos da II Liga, tem dois ou três que conheço. Todos os outros são jogadores que passaram por divisões inferiores mas isso não quer dizer nada, nós quando começamos as nossas carreiras, treinadores e jogadores, começamos pelos escalões mais baixos e não quer dizer que não existam lá jogadores com muito valor e que se calhar nunca tiveram uma oportunidade. (...) É uma equipa que fez um projeto para subir de divisão, é uma equipa ao nível da II B e é um jogo que é tudo para os jogadores do Paredes. É normal, faz parte do futebol. É uma festa, só não é uma festa total porque não há público. Não tenham dúvidas que tudo é diferente sem público"
Ausência de Darwin: "Como disse, não há nada que pudéssemos fazer para que o Darwin não apanhasse o vírus. Um dos perigos são as seleções, é o viajar. As seleções não estão tão organizadas, e principalmente as seleções sul-americanas, não estão tão bem organizadas como as grandes equipas da Europa (...). Isso não se pode controlar, a única forma de controlar - e é a minha opinião - as seleções deviam de ter parado. Os campeonatos da Europa esses não, mas as seleções deviam de ter parado. E a prova está aí, quase todos os jogadores que vêm das seleções vêm com o problema do vírus. Quando ao Darwin, não pudemos controlar: Mas nem tudo é mau, se houver imunidade não é mau, já não tem problemas com o vírus. Eu no Brasil tive vários jogadores com esse problema e depois já nem precisavam de fazer teste. Cá não sei se é assim"
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