A morte de Maradona foi o triste final num ano desportivo de 2020 que já tinha começado de forma trágica, com o “adeus” de Kobe, e se limitou, desde março, a sobreviver, como pôde, à pandemia da covid-19.
Mais do que os feitos, sobraram os adiamentos, dos Jogos Olímpicos ao Europeu de futebol, e ainda mais os cancelamentos, com as provas que sobreviveram a disputarem-se perante recintos vazios, sem público, sem festa, sem vida.
O espetáculo teve de continuar, mas nada foi como antes e o mais marcante acabou por ser o desaparecimento de duas lendas, o basquetebolista norte-americano Kobe Bryant, vítima de um acidente de helicóptero, e o futebolista argentino Diego Armando Maradona, que não resistiu a uma vida de excessos, de drogas.
O corpo de ‘D10s’ sucumbiu em 25 de novembro, deixando para trás inúmeras memórias coletivas, de um jogador ímpar, que juntava um talento único a uma forte e controversa personalidade.
Aos 60 anos, Maradona partiu, aumentando, quiçá ainda mais, a sua lenda, construída por uma série de momentos memoráveis, da infância difícil, nos subúrbios de Buenos Aires, à glória máxima, com a conquista do Mundial de 1986, no México, onde o seu talento ganhou a eternidade e conquistou milhões de adeptos.
O jogo com a Inglaterra, dos quartos de final, ilustra, por si só, o seu génio, de um golo com a mão, a “mão de Deus”, até outro em que fintou, desde o seu meio-campo, todos os que lhe apareceram pela frente - só Maradona podia para Maradona.
O adeus de Maradona, marcou o fim do ano, como o de Kobe Bryant o início: em 26 de janeiro, o eterno ex-basquetebolista dos Los Angeles Lakers perdeu a vida, num trágico acidente de helicóptero que também vitimou a sua filha Gianna, de apenas 13 anos.
Cinco vezes campeão da NBA e bicampeão olímpico, Kobe é considerado um dos melhores jogadores da história do basquetebol, um dos poucos que conseguiu, pela forma de jogar, o carisma e a fome de vencer, ser comparado a Michael Jordan.
Dentro das quatro linhas, os alemães do Bayern Munique, com Hans Diert-Flick ao comando, reinaram no futebol, conquistando tudo, e de forma avassaladora, incluindo a Liga dos Campeões, em Lisboa, palco, sem público, da fase final da competição.
Os bávaros, comandados pelo avançado Robert Lewandowski, eleito ‘The Best’ pela FIFA, juntaram ao sexto título europeu a Supertaça Europeia, o oitavo cetro alemão consecutivo, a Taça da Alemanha e a Supertaça germânica. Em 48 jogos, só perderam um.
Destaque ainda para o título inglês do Liverpool, 30 anos depois, e mais uma vitória do Sevilha na Liga Europa, a quarta nos últimos sete anos.
Nos outros desportos, os grandes feitos foram individuais, como o do tenista espanhol Rafael Nadal, que venceu em Roland Garros pela 13.ª vez e igualou os 20 títulos do Grand Slam do suíço Roger Federer, num ano sem Wimbledon.
No ciclismo, brilharam os eslovenos, com Tadej Pogacar a vencer o Tour e Primoz Roglic a Vuelta, deixando para o britânico Teo Geoghegan Hart o triunfo no ‘Giro’, prova em que o português João Almeida foi líder durante duas semanas.
O inglês Lewis Hamilton (Mercedes) dominou a Fórmula 1, igualando os sete títulos do alemão Michael Schumacher e superando as suas 91 vitórias (tem 95), o francês Sébastian Ogier (Toyota) somou o sétimo título de ralis em oito anos, e o espanhol Joan Mir (Sukuzi), sem Marc Márquez, impôs-se no MotoGP.
A abrir o ano, o espanhol Carlos Sainz (Míni), nos carros, e o norte-americano Ricky Brabec (Honda), nas motos, ganharam o Dakar, que também não fugiu à tragédia, face à morte do ‘motard’ português Paulo Gonçalves.
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