O presidente do Comité Olímpico de Portugal (COP) pediu quarta-feira "respostas extraordinárias para a situação extraordinária” que o desporto português vive devido à pandemia de covid-19 e alertou para o agravamento da situação devido à “ausência de resposta política”.
“Na generalidade dos países europeus houve da parte dos governos respostas extraordinárias para a situação extraordinária que se está a viver, no nosso caso não. Não temos até à presente data uma resposta política para a situação, esperemos que venhamos ainda a ter”, destacou à agência Lusa o responsável máximo do COP, José Manuel Constantino.
O dirigente alertou para a necessidade de “reduzir o impacto desta situação” [pandemia de covid-19] no desporto em Portugal.
“É natural, como está a acontecer em todos os setores de atividades, que a ausência de resposta política agrave a situação que decorre da paragem das atividades desportivas, por força da pandemia. Passaram tantos meses, estamos desde março nesta situação, e desde os primeiros tempos que chamamos a atenção que isto mais cedo ou mais tarde iria ocorrer e que era necessário encontrar soluções”, vincou.
O COP, o Comité Paralímpico de Portugal (CPP) e a Confederação do Desporto de Portugal (CDP) vão realizar a segunda Cimeira das Federações Desportivas em 12 de janeiro de 2021, foi hoje anunciado pelos três organismos.
“Face aos crescentes e cada vez maiores desafios colocados ao desporto português no contexto da pandemia de covid-19, esta iniciativa das três instituições ganha agora mais corpo com a adesão da Comissão de Atletas Olímpicos, da Comissão de Atletas Paralímpicos e da Confederação de Treinadores de Portugal”, informaram, em comunicado conjunto.
José Manuel Constantino explicou que, após a primeira cimeira, em julho, os “resultados ficaram muito aquém do que era expectável” e que, durante o mês de novembro, foi manifestada por parte das federações desportivas a necessidade de um novo encontro.
“A situação, entretanto, foi agravada pela posição que a Assembleia da República teve no orçamento de Estado, não sendo aprovada nenhuma das propostas que tinha sido apresentada por estas três entidades. Infelizmente [as soluções] ainda não aconteceram e daí o motivo que justifique esta mobilização de todas estas entidades, para avaliarmos esta situação e discutirmos as medidas a adotar”, acrescentou.
O dirigente manifestou-se também preocupado com o facto de nenhuma das propostas da anterior cimeira ter tido “atendimento favorável” e espera que, além de “ouvidas e escutadas, possam ser atendidas”.
José Manuel Constantino frisou que os principais prejudicados pela pandemia de covid-19 têm sido “o tecido associativo de base, as coletividades e os clubes desportivos, que reduziram de forma muito significativa o número de praticantes por força das circunstâncias e por esse facto têm também uma redução muito significativa das suas receitas”.
“Sendo organizações que por norma vivem no fio da navalha relativamente ao seu equilíbrio financeiro, esta situação é extremamente gravosa e nesse sentido é preciso dotar as federações desportivas de meios financeiros reforçados para que possam acudir essas situações e possam ajudar a minimizar os efeitos da situação que estão a viver”, salientou.
Em 26 de novembro, em comunicado conjunto, COP, CPP e CDP tinham voltado a reclamar "uma atenção ao setor desportivo", face à "presente crise económica e financeira" provocada pela pandemia de covid-19.
Os três organismos apontavam "mais uma manifestação política de desconsideração e abandono para com um dos setores igualmente afetado", após terem visto ser rejeitadas as propostas de alteração ao OE2021 e que tinham sido "subscritas por vários grupos parlamentares".
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