A Iniciativa Liberal criticou hoje as normas da Direção-Geral de Saúde sobre o desporto jovem, pedindo a alteração destas orientações “graves e inconcebíveis” para que haja regras iguais para todos os escalões.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou na terça-feira as normas para a retoma das competições de modalidades desportivas coletivas, incluindo o râguebi e os desportos de contacto no grupo de alto risco.

Num comunicado enviado à agência Lusa, a Iniciativa Liberal, representada no parlamento pelo deputado único, João Cotrim Figueiredo, “exige regras iguais para todos os escalões etários, não aceitando que os jovens estejam proibidos de treinar normalmente, enquanto os seniores podem voltar a treinos e competições”.

“A Iniciativa Liberal considera que as novas normas da DGS publicadas ontem relativas ao desporto são graves e inconcebíveis, prejudicando gravemente o desenvolvimento dos jovens e revelando um absoluto desconhecimento do que é o desporto jovem em Portugal”, pode ler-se ainda.

Fonte oficial do partido adiantou à agência Lusa que se a DGS não alterar as regras até abertura dos trabalhos parlamentares, os liberais irão apresentar uma iniciativa legislativa sobre esta matéria.

De acordo com o também presidente da Iniciativa Liberal, João Cotrim Figueiredo, citado no mesmo comunicado, “as sucessivas trapalhadas da DGS e a sua insensibilidade perante as necessidades dos mais jovens seriam ridículas se não fossem tão trágicas para o futuro da saúde física e mental das novas gerações”.

“O que estas novas normas fazem é dizer que na prática os escalões jovens irão ficar parados, o que coloca em causa o desenvolvimento das crianças, como também a própria sustentabilidade de tantos clubes e coletividades que se dedicam à formação de jovens em várias modalidades”, condena.

Para a Iniciativa Liberal, “não há base legal” para impedir estes jovens de treinar normalmente, considerando que “a medida pode até ser inconstitucional, ao violar claramente o princípio da igualdade”.

“Nos seniores, onde há dinheiro envolvido em determinadas realidades, as modalidades iniciam de imediato, mas os escalões jovens não podem. Não se percebe qual a lógica desta desigualdade. Nem sequer tem racional científico, quando tudo indica que os mais jovens estão menos sujeitos a perigo na pandemia”, critica.

O partido avisa ainda que “está também em causa a sobrevivência de tantos clubes que se substituem ao Estado ao garantir a prática desportiva a centenas de milhares de pessoas”.

As federações desportivas devem avaliar a obrigatoriedade de realização de testes à covid-19 em cada desporto, após a Direção-Geral da Saúde enquadrar "critérios" para ajudar à decisão, destacou na terça-feira a secretaria de Estado da Juventude e do Desporto.

De acordo com uma carta enviada pelo gabinete de João Paulo Rebelo às federações desportivas, a que a Lusa teve hoje acesso, a atualização das normas que regem a retoma do desporto em Portugal publicada pela DGS não pressupõe obrigatoriedade de realização de testes.

Nesta retoma "faseada", nota o gabinete da secretaria de Estado na carta, as modalidades de baixo risco de contágio podem retomar treinos e competições em todos os escalões, enquanto as de médio e alto risco podem fazê-lo apenas nos escalões seniores.

Nos escalões de formação desses desportos, será permitida "a realização de treinos sem limitações de distanciamento" desde que estes tenham "competições internacionais agendadas num prazo de até 45 dias", com os outros a treinarem de forma distanciada.