A angariação de novos mecenas e curadores, e o trabalho de coordenação e internacionalização dos Centros de Alto Rendimento (CAR) são as grandes prioridades da Fundação do Desporto, liderada desde maio por Susana Feitor.

“Aquilo que mais nos preocupa é a angariação de novos mecenas, porque o orçamento da Fundação, para nós conseguirmos atingir os propósitos que nos propomos, é curto”, disse Susana Feitor à agência Lusa, acrescentando que uma das primeiras decisões do conselho de administração foi “criar um programa para procurar novos curadores”.

Na primeira reunião deste órgão sob a sua presidência, realizada na semana passada, foram também aprovadas uma série de medidas de apoio aos CAR, nomeadamente ao nível do apetrechamento.

“Temos um contrato-programa com Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), que nos dá a tarefa de consignarmos apoios diretos aos centros. Agora, vamos abrir o concurso aos centros e estes, mediante as suas necessidades de apetrechamento, vão candidatar-se a esses apoios”, disse Susana Feitor, indicando que o valor total da verba a distribuir ronda os 300 mil euros.

Segundo a líder da Fundação do Desporto, que tomou posse em 26 de junho, sucedendo a Paulo Frischknecht, a angariação de apoios para os CAR é “essencial”, porque estes são estruturas “financiadas a 100%, ou na sua grande maioria, pelos municípios, alguns dos quais estão ‘com a corda na garganta’”.

“Isto quer dizer que, se não alocarmos apoios de empresas, para os projetos e para as necessidades, fica sempre tudo muito difícil concretizar”, afirmou, garantindo que uma aposta na internacionalização dos CAR não coloca em causa os atletas portugueses.

Susana Feitor lembrou, a esse propósito, que os atletas lusos “têm acesso privilegiado a todos os níveis, em termos de preços e de prioridades de acesso”, mas alertou: “Os CAR têm de sobreviver, e isso passa por uma estratégia de dinamização para amortizar custos”.

No que se refere aos mecenas e curadores, Susana Feitor explicou que os apoios podem vir “do tecido empresarial, mas também da filantropia individual, ou seja de quaisquer entidades que se queiram associar a projetos e atividades dos centros de maneira a ajudá-los a manterem-se ao mais alto nível para que as federações os possam usar”,

Numa perspetiva de trabalhar na internacionalização da rede dos 14 CAR portugueses, a antiga marchadora olímpica vai participar em outubro, em Paris, numa reunião da Associação Internacional de Centros de Alto Rendimento.

“A ideia é procurar posicionar a rede dos nossos centros também no âmbito dessa associação e em contacto com outros centros internacionais”, afirmou Susana Feitor, referindo que os complexos desportivos de Rio Maior e do Jamor já fazem parte desse associação,

A campeã do mundo de juniores em 1990, que conta cinco presenças olímpicas, admitiu que há muito trabalho a fazer e assumiu a necessidade de voltar a reunir, em breve, o Conselho de Administração da Fundação, que junta RTP, Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, IPDJ e Confederação do Desporto.

“Houve tantos assuntos a aprovar que em duas horas não conseguimos tudo. Vamos ter de fazer na nova reunião no próximo trimestre, para trabalhar estratégia e objetivos claros”, assumiu Susana Feitor, destacando também a importância de um trabalho ao nível da comunicação.

A líder da Fundação defendeu também a necessidade de o organismo ter “uma estratégia de comunicação assertiva”, acrescentando: “Temos de ser capazes de passar a mensagem, as pessoas têm de sentir que há ali valores, não é pelo cansaço e pelo desgaste, que isso vai acontecer. É preciso que percebam que o nosso trabalho tem impacto”.

“É preciso dar a conhecer a Fundação, apesar de existir desde 1995 e de o seu propósito ser muito relevante no âmbito da angariação de apoios que possam ser canalizados para o mundo desportivo através do mecenato, o que sinto é que as pessoas não sabem bem para que serve a fundação”, afirmou a atual treinadora de marcha, que é membro do Conselho Nacional de Desporto, e foi presidente da Comissão de Atletas Olímpicos entre 2002 e 2005 e ‘vice’ entre 2005 e 2009.

Criada pelo Estado em 1995, a Fundação do Desporto tem por objeto social promover e apoiar o fomento e desenvolvimento do desporto português, no domínio do alto rendimento, mas também nas áreas da educação, saúde, turismo, ambiente, economia, e deve contribuir para o aumento da prática desportiva junto da população.

Cabe ainda à fundação a coordenação da rede dos CAR, que engloba 13 estruturas, uma vez que o Centro de Alto Rendimento do Jamor depende diretamente do IPDJ,