O secretário de Estado da Juventude e do Desporto considerou hoje possível minimizar os cortes da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) nos patrocínios ao desporto para 2023, tendo classificado de incompleta a informação avançada pela entidade.
Depois de ter referido que a SCML está a “rever o plano de patrocínios aos eventos desportivos” e de ter prometido agendar uma reunião com a provedora, Ana Jorge, através da rede social Twitter, João Paulo Correia adiantou à Lusa que espera ver os cortes minimizados na reunião marcada para a próxima semana, a realizar-se na quarta ou na quinta-feira.
“Há todas as condições não diria para reverter [os cortes], porque terei de dar oportunidade à senhora provedora para apresentar o que Santa Casa diz serem os grandes constrangimentos financeiros que está a viver, mas para, pelo menos, minimizar. Teremos de esperar pela reunião”, frisou.
Numa das cartas enviadas a várias federações desportivas, a SCML justifica o corte nos patrocínios com “a conjuntura económico-social que se vive”, com as “novas exigências sociais e financeiras à SCML no que diz respeito ao apoio das populações mais vulneráveis” e com a “significativa perda das receitas provenientes dos jogos sociais do Estado”, mas o governante crê que a informação até agora transmitida nesse sentido é incompleta.
O secretário de Estado realça que o Governo só pode apurar a proporção dos cortes se as entidades ligadas aos patrocínios colaborarem, já que a Santa Casa de Lisboa impõe a “negociação individual com informação reservada” como condição para apoiar cada organismo desportivo, mas admite que a revisão prevista pode impedir a realização de alguns eventos desportivos e ameaçar projetos de desporto adaptado como o andebol em cadeira de rodas, segundo declarou a respetiva federação.
João Paulo Correia frisa ainda que a Santa Casa de Lisboa tem a “responsabilidade especial” de apoiar o desporto, já que uma fração das receitas provém das apostas desportivas, e também a “responsabilidade social de aproveitar o desporto para combater as desigualdades, promover a igualdade de género, a integração e a inclusão”, apoiando o desporto adaptado ou promovendo a representação feminina.
A menos de um ano da realização dos Jogos Olímpicos Paris2024, o governante realça que os ciclos olímpico e paralímpico dos atletas lusos não estão em causa, uma vez que o financiamento cabe sobretudo ao Instituto Português do Desporto e da Juventude, com cerca de 31,2 milhões de euros.
O secretário de Estado disse ainda que não está “em cima da mesa” a redistribuição do dinheiro de apostas entregue às federações, que, entre 2018 e 2022, premiou mais os desportos em destaque nas plataformas de apostas, com a Federação Portuguesa de Futebol a receber 146 milhões de euros), a de Ténis 21,1 e a de Basquetebol 18.
Entre as entidades apoiadas pelos Jogos Santa Casa, de acordo com a lista publicada no seu site, constam o Comité Olímpico de Portugal (COP), o Comité Paralímpico de Portugal (CPP), a Confederação do Desporto de Portugal (CDP), as federações de equestre, motociclismo, andebol, atletismo, canoagem, ciclismo, futebol, ginástica, judo, natação, patinagem, remo, râguebi, surf, ténis de mesa, triatlo, voleibol e de desporto para pessoas com deficiência.
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