As mulheres ocupam 16,5% dos cargos de liderança dos órgãos sociais das 90 associações distritais e regionais das cinco modalidades com mais atletas federados em Portugal, com 76 mulheres num universo de 460 dirigentes como rostos principais.

O ‘retrato’ surge na sequência de uma análise efetuada pela Agência Lusa junto das associações de futebol, natação, andebol, voleibol e basquetebol – as cinco com maior número de atletas federados de acordo com o estudo "Desporto em Números 2023", desenvolvido pelo Instituto Nacional de Estatística – e conta os responsáveis máximos de cada um dos órgãos sociais daquelas entidades até ao passado dia 25 de fevereiro.

À data da conclusão do levantamento, nove mulheres lideravam as 87 direções (três estavam a ser geridas por uma comissão administrativa e todas por homens), 13 mulheres presidiam aos conselhos fiscais e nove eram as máximas representantes das assembleias gerais. Além disso, havia 45 mulheres a liderarem conselhos de arbitragem, conselhos de disciplina, conselhos de justiça e conselhos técnicos.

Apesar de existirem dezenas de mulheres em posições secundárias dos órgãos sociais, é também possível verificar que existe ainda um alargado número de entidades que não contemplam qualquer mulher enquanto rosto principal nos cargos atrás mencionados.

Restringindo o estudo a 87 associações, considerando que três estavam estão sob gestão de uma comissão administrativa, existiam ainda 39 sem qualquer mulher como figura principal: 16 no futebol, oito no andebol, oito no basquetebol, seis no voleibol e uma na natação.

Analisando modalidade a modalidade, é percetível que as taxas de representação feminina entre as principais posições de cada órgão social das associações não ultrapassavam os 30%.

A natação era aquela em que havia maior representatividade nos cargos em análise, perfazendo sensivelmente 29,73%.

Dos 74 dirigentes nas lideranças, 22 eram mulheres, sendo que apenas duas presidiam às direções. Três eram presidentes das assembleias gerais, ao passo que apenas uma liderava o conselho fiscalizador. As restantes 16 dividiam-se pelos restantes órgãos sociais.

No voleibol, destaque para o facto de as mulheres estarem em maioria nas associações de Coimbra, Algarve e Alentejo, existindo ainda quatro nos cargos de presidentes da direção das associações.

Trata-se de uma das duas modalidades em que as mulheres têm mais expressão nas funções de liderança, com 27,94% do total de cargos analisados, o equivalente a 19 mulheres entre 68 dirigentes.

Segue-se o andebol, em que precisamente 18% das lideranças são do sexo feminino. Das nove mulheres identificadas no estudo referente aos responsáveis máximos – entre um total de 50 dirigentes –, havia duas nas direções, três nos conselhos fiscais, duas nas assembleias gerais e duas nos restantes conselhos.

Já no basquetebol, são oito as associações sem uma figura feminina na liderança de qualquer órgão social, sendo que o sexo feminino representa quase 15% do universo de dirigentes máximos.

Existem 20 mulheres num total de 134 pessoas com a responsabilidade máxima de cada órgão, havendo apenas uma a desempenhar funções de presidente de direção. Na associação da Madeira, no caso.

Por seu turno, o futebol apresentava a percentagem mais abaixo (aproximadamente 4,2%) em relação às demais modalidades.

Era aquela em que havia menos mulheres representadas nas lideranças entre os 143 cargos, não tinha nenhuma personalidade do sexo feminino como presidente de uma direção ou de uma assembleia geral, sendo que as seis integravam conselhos fiscais, conselhos técnicos, conselhos de arbitragem, conselhos de disciplina e conselhos de justiça.

Além disso, 16 das 22 associações não tinham qualquer orgão social liderado por uma mulher.

A associação de futebol de Lisboa, com o ‘feminino’ na liderança dos conselhos de disciplina e da justiça, era a que tinha maior representação.

Importa ainda referir que os dados atrás mencionados eram os que constavam à data de 25 de fevereiro, pelo que as eleições para os órgãos sociais entretanto realizadas nas várias associações, e aquelas que ainda vão decorrer a curto prazo, poderão ditar algumas alterações nos valores apresentados.

Apesar dos quase 17% de representação feminina nas lideranças dos órgãos sociais das associações distritais e regionais das cinco modalidades significarem um valor ainda ‘tímido’, há modalidades em que os números são já animadores, contrastando com outras, que ainda apresentavam valores muito residuais.

Além disso, continuava a existir um alargado número de associações que não contemplavam mulheres como figuras principais dos órgãos sociais.