A Agência Mundial Antidopagem (AMA) foi hoje desafiada por organismos desportivos norte-americanos a iniciar reformas significativas para se tornar “mais independente” e dar “uma voz mais importante aos atletas”.

O repto foi lançado em carta aberta conjunta dos comités olímpico e paralímpico (USOPC), bem como pela agência antidoping dos Estados Unidos (USADA).

“A AMA deve mudar e tornar-se num regulador antidoping forte e independente, bem como um protetor dos direitos dos atletas limpos”, defendem.

Há vários anos que a polícia antidoping norte-americana critica a AMA, com sede em Montreal, Canadá, acusando-a de falta de independência.

“Foi prometida a todos os atletas a oportunidade de ter um campo de jogo justo, seguro e equitativo e a AMA deve transformar-se imediatamente para respeitar este acordo”, destacou a USADA.

A AMA diz que está a consultar vários parceiros para preparar possíveis reformas, porém as entidades norte-americanas insistem no envolvimento e no peso que os atletas devem ter no processo.

“A única maneira de a AMA atingir esses objetivos é eliminar os conflitos de interesse e levar em consideração a contribuição dos atletas”, vincou a USADA e a USOPC, acrescentando que muitos deles, “individualmente ou em grupos, também apresentaram propostas de reforma”.

Na carta aberta é recordado que “sem os atletas, a AMA não existiria”, pelo que esta “deve agir agora” para valorizar o seu contributo.

“Atletas independentes devem ter o poder de discutir mudanças que os afetem e aos seus colegas”, argumentam, acrescentando que estes também devem fazer parte do conselho de diretores da AMA, juntamente com representantes de governos, entidades desportivas, organizações nacionais antidoping e especialistas independentes.

Paralelamente, e em nome da transparência, desejam que “todas as decisões” da comissão executiva e do conselho de administração sejam “tornadas públicas”.

É aconselhada uma “presença de atletas equitativa” nos diversos órgãos decisores da AMA, preconizando-se ainda uma clara separação de poderes entre as funções legislativa, executiva e judicial do órgão, de forma a evitar conflitos de interesses.

“Chegou a hora da AMA responder pelos seus fracassos, comprometendo-se a tornar-se mais forte e independente, o que fortalecerá a sua credibilidade junto dos atletas de todo o mundo”, concluíram a USADA e o USOPC.