Fredy Guarín, médio que representou o FC Porto entre 2008 e 2012, assumiu sem rodeios a sua dependência pelo álcool, que o levou a estar envolvida em cenas de violência contra a própria família.
O antigo internacional colombiano terminou a carreira em 2021, ao serviço do Millonarios, assumindo que foi aí que "bateu no fundo", incapaz de aceitar o final de uma vida recheada de sucessos e assente no dia-a-dia proporcionado pelo futebol ao longo de mais de duas décadas.
"Cometi muitos erros, refugiei-me no álcool. Magoei muitas pessoas, magoei as pessoas que mais amo, perdi amigos… Sou alcoólico a 100% e admito. Estou a recuperar desta adição e tive de ser internado. Quando deixei o Millonarios bati no fundo, nessa altura esta doença tornou-se muito, muito séria. Nos treinos já nem me mexia, perdi a dignidade e a confiança das pessoas mais importantes da minha vida, que são os meus três filhos. Cheguei a um ponto em que tive de pedir ajuda, mas tive sempre recaídas", reconheceu.
O antigo jogador não esconde a tristeza pelo afastamento da sua mulher, mãe dos seus três filhos.
"Perdi o meu casamento, perdi a minha casa e a minha família. Tudo por causa do álcool, porque enquanto eu consumia, tomava decisões erradas. Dói-me muito ter perdido aquela casa porque a construí desde o início, do nada. A minha antiga mulher foi uma ótima companheira, uma excelente mãe e tenho de aceitar, perdoar-me e desejar o melhor na vida para ela. Que continue a ser a excelente mãe que é e espero que um dia ela possa me perdoar. No final somos dois pais que querem o melhor para os nossos filhos".
A recuperar, o Fredy Guarín reconhece ter estado muito próximo da morte, mas agradece aos que sempre o apoiaram, alguns deles antigos colegas de clubes e seleção.
"Estou a trabalhar para consertar todo o mal que fiz e para voltar a ganhar o respeito de família e amigos. Bati à porta do inferno e não foi bom, mas Deus deu-me a oportunidade e a força para agora estar sóbrio e entrar noutro caminho. A verdade é que estive num sítio muito escuro, perto da morte, e estava a deixar-me ir", acrescentou Guarín, reconhecendo que não se soube preparar para o final de carreira.
"Como futebolista, não tinha uma vida normal e não me preparei para o fim da carreira. Quando deixei de jogar só pensava 'e agora, o que faço?'. Foram 20 anos entregues ao futebol e fiquei desamparado. Falcao, Juan Quintero, Ospina, Cuadrado, Zanetti, Córdoba foram as pessoas que mais me ajudaram nos momentos mais escuros", acrescentou Guarín, que, além do FC Porto, representou Atlético Huila, Envigado, Boca Juniors, Saint-Étienne, Inter Milão, Shanghai Shenhua e Vasco da Gama.
Nesta fase, Guarín garante que está bem e a recuperar. Para o conseguir, entregou-se a um centro de desintoxicação, no qual trabalha dez horas por dia com um grupo muito completo de psicólogos, psiquiatras e terapeutas.
"Cheguei a um ponto em que não conseguia mais continuar com aquele estilo de vida e tive de pedir ajuda. Antes tinha tentado várias vezes recuperar, mas tinha sempre uma recaída. Tive de desistir e entregar-me ao meu eu superior e a alguns profissionais com quem estou a trabalhar para poder remediar muitas coisas. Preciso antes de mais de reconquistar a confiança em mim mesmo, a confiança dos meus filhos e dos meus familiares. Aceitar é o ponto principal. Não consegui sozinho e deixei que me ajudassem. Estou nesse processo. Posso dizer com segurança que este tratamento é o definitivo".
Em 2021, o antigo jogador foi filmado em cenas lamentáveis, na sequência de agressões a familiares.
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