Henrique Ramos acusou hoje Vítor Bruno ‘Aleixo’ de o ter atacado por denunciar, na Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto de abril último, um "esquema" que lhe era proveitoso, baseado nas casas do clube.

Na quarta sessão do julgamento da Operação Pretoriano, a testemunha e assistente no processo detalhou os desacatos com Vítor Bruno ‘Aleixo’, motivados pela sua intervenção na reunião magna, sobre o que diz terem sido "atos criminosos de funcionários do clube" através dos estabelecimentos locais do FC Porto.

Segundo o testemunho, Ramos terá sido ameaçado de morte e cuspido por ‘Aleixo’ por estar "a ir à carteira" a elementos da claque Super Dragões, que beneficiavam do dito regime.

"Atacou porque eu lhe estava a ir à carteira. Quando ele gritou que me ia matar, eu fiquei à espera. Não vim aqui vitimizar-me", referiu.

Na última quinta-feira, a procuradora tinha interrompido a audição de Ramos por considerar que havia a possibilidade de este ter proferido declarações "contraditórias", disse a própria, mas hoje não pediu a extração da certidão do depoimento, que prosseguiu normalmente.

O assistente explicou que fez um enquadramento da AG durante o primeiro depoimento, tendo conversado, no dia dos acontecimentos, com seguranças de serviço e até com Pinto da Costa, negando qualquer mentira ou contradição.

Por sua vez, José Pedro Pereira pediu para tomar a palavra e pediu desculpa pela ofensa à integridade física de Ramos, no que considera ter sido um "ato irrefletido e isolado", com o lesado a admitir retirar a queixa caso perca o estatuto de qualificada.

Em relação a Fernando Saul, antigo oficial de ligação aos adeptos dos ‘azuis e brancos’, Ramos ilibou-o de qualquer agressão, reforçando ainda que Fernando Madureira teve ação dissuasora de conflitos durante a AG.

Henrique Ramos confirmou ter sido contactado por André Villas-Boas na madrugada que seguiu a AG extraordinária, através do vice-presidente portista João Borges, em que o líder dos ‘dragões’ terá elogiado a sua intervenção na reunião magna, numa conversa que durou 39 minutos.

Os 12 arguidos da Operação Pretoriano, entre os quais o antigo líder dos Super Dragões Fernando Madureira, começaram em 17 de março a responder por 31 crimes no Tribunal de São João Novo, no Porto, sob forte aparato policial nas imediações.

Em causa estão 19 crimes de coação e ameaça agravada, sete de ofensa à integridade física no âmbito de espetáculo desportivo, um de instigação pública a um crime, outro de arremesso de objetos ou produtos líquidos e ainda três de atentado à liberdade de informação, em torno de uma AG do FC Porto, em novembro de 2023.

Entre a dúzia de arguidos, Fernando Madureira é o único em prisão preventiva, a medida de coação mais forte, enquanto os restantes foram sendo libertados em diferentes fases.