Genial no campo, polémico fora do relvado. Romário espalhou magia, chegou a ser melhor do mundo, mas não deixou de se divertir na sua vida extra-futebol. Em discurso direto no 'Players Tribune', o antigo craque revelou como geriu as suas saídas à noite, com os clubes muitas vezes a 'apararem-lhe as jogadas'.

"Em alguns clubes, é verdade, fiz um acordo que me permitia ir para a noite. Mas eu nunca faltei a um treino. Quero deixar isso bem claro. Quando voltei a jogar no Brasil, disse a todos os presidentes: 'Olha, eu tenho dificuldades para acordar cedo, então vou treinar à tarde'. Eles nem precisaram escrever nada no papel. Diziam Cara, falavam tanta m**** dessa situação: 'Ah, Romário não dorme...” Dorme! Ele só acorda mais tarde. “Romário não treina...” Treina! Mas não às 9h da manhã. Os dirigentes sabiam. Se eles contavam aos treinadores… Bom, isso já não era problema meu", começa por dizer o ex-jogador que apesar de gostar da noite não era muito chegado em alcool, tabaco ou drogas: "(...) Nunca fumei. Graças a Deus, nunca usei drogas. Eu nunca bebi. Nem uma gota. Quem disse que você tem que ficar bêbado para se divertir? O que sempre gostei muito é da noite. Ou seja, dos males, o menor", continuou.

Romário sempre foi uma máquina de golos e nem um estilo de diferente no minímo...diferente, comprometeu a sua capacidade de meter a bola dentro da baliza. "Minha preparação mental era simples: chegar, entrar, botar a camisa e fazer golo. Não tinha outro segredo, nem nunca tive. É tipo sexo, sabes? Tem que fazer o que funciona para você. Sexo, pra mim, sempre fez bem para car****. Às vezes, no dia do jogo, eu ficava em casa, longe do resto da equipa. Se eu acordasse com tesão, fazia sexo com minha mulher e depois ia para jogo. Em campo, eu ficava bem tranquilo… Leve. Porra, eu adorava a pressão… (...) Quando os jogadores recebiam a bola na cara do guarda-redes, a baliza diminuía. Quando ela caía no meu pé, a baliza crescia."

Sobre a mudança para a Europa, o dianteiro de 22 anos admitiu que sofreu bastante. "Quando me transferi para o PSV, eu tinha 22 anos e nunca tinha morado fora do Rio. Eu, carioca da gema, acostumado a ir à praia de Ramos, Ilha do Governador, Copacabana, Barra da Tijuca... Jogava futebol na rua. De repente, eu estava num lugar escuro e gelado. Cara, chegou a estar –17 graus uma vez. Dezessete!! Como é que alguém me ia criticar por não treinar? Uma vez, passei três dias sem sair de casa. Os caras ficaram preocupados comigo. Eles bateram na minha porta e eu não atendi. Tava hibernando, parceiro".

Gratidão ao ao PSV, mas estava ali o Barça à porta

"É preciso deixar isso muito claro. Passei quase cinco anos lá e esse período mudou minha vida. Mas eu tive que sair. Barcelona é Barcelona, né?", disse.

A história do golo 1000

"Teve gente que veio da Holanda, Austrália, Miami. Eles assistiram a um jogo, mas eu não marquei. Então eles viram outro e outro... Três jogos e a porra do golo 1.000 não saía. Para um jogador como eu, isso era uma eternidade. Todo mundo se preparou para essa grande festa, mas no final já estavam tipo: “Irmão, vamos fazer essa porra logo!. O que eu faço depois de marcar 1.000 gols? A festa não duraria pra sempre. Eu precisava de um novo objetivo. E, no futebol, não tinha sobrado muita coisa para eu conquistar", admitiu.

Para finalizar, Romário deixou uma mensagem antes de comemorar o 56.º aniversário. "Eu era um sujeito diferente antes, e o mundo do futebol era um lugar diferente. Eu vim do nada. Tive que lutar muito para chegar ao topo e acabei extravasando todas as minhas emoções. Tudo o que eu fiz, de bom ou de mau, veio do coração.Sim. Mas o tempo passa para todos, né? Amanhã completo 56 anos. Estou mais sossegado. Provavelmente eu faria as mesmas coisas, mas de uma forma diferente. Essa é a verdade", finalizou.